Redação (07/07/06)- Os desembolsos efetivos de crédito rural do ano-safra 2005/06, finalizado em 30 de junho, devem ficar 1% abaixo do orçamento inicial previsto pelo Ministério da Agricultura para o período. O Plano de Safra previa R$ 44,35 bilhões, mas o governo estima ter gasto R$ 43,93 bilhões. Se contabilizados os desembolsos adicionais das linhas FAT Giro Rural e de financiamento para combate à ferrugem da soja, o total sobe para R$ 44,988 bilhões.
Thais Parolin/Valor
O balanço, divulgado ontem (dia 6) pelo secretário demissionário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, mostra ter havido aumento de 19,25% nos desembolsos de créditos a juros livres, sem subsídios do Tesouro. Os gastos passaram de R$ 12,17 bilhões em 2004/05 para R$ 14,51 bilhões no ciclo passado. Embora em volume maior, os gastos efetivos de créditos com juros “equalizados” pela União cresceram apenas 9,8% – de R$ 21,78 bilhões para R$ 23,92 bilhões.
Os crédito a juros mais baixos aumentaram sobretudo por causa do crescimento de 33,2% no uso dos recursos da poupança rural, operada pelo
Embora tenham aumentado em 4,7% a demanda efetiva de crédito rural sobre o ano-safra 2004/05, os produtores rurais e suas cooperativas pisaram de vez no freio dos gastos com investimentos. Houve queda de 45,2% nas linhas operadas pelo BNDES, inclusive a Finame Agrícola, além dos financiamentos com recursos baratos dos fundos constitucionais (FCO, FNE, FNO) e do Proger Rural. Na safra recém-finalizada, foram desembolsados R$ 5,5 bilhões ante R$ 8 bilhões em 2004/05. A baixa foi puxada principalmente pelo Moderfrota (aquisição de máquinas agrícolas), Moderagro (recuperação de solos e pastagens) e Moderinfra (construção de armazéns).
Em sua entrevista de despedida, Ivan Wedekin afirmou que deixa o cargo por uma “decisão pessoal” e afastou intrigas com o novo ministro Luis Carlos Guedes Pinto. “Guedes é um grande amigo. Fui dos que indicou seu nome para assumir o ministério”, afirmou. O secretário demissionário disse ter certeza de que a política agrícola não mudará. “Ninguém é doido de mexer nisso”, disse. Wedekin contou que havia ficado até agora por “fidelidade pessoal” ao ex-ministro Roberto Rodrigues. “Comecei a sair desde o primeiro dia. A partir de 2005, comecei a contagem regressiva”.
Sobre as dificuldades para avançar nas “medidas estruturantes” para resolver a atual crise do setor rural, Wedekin admitiu sua frustração. “Fiz o que pôde ser feito. Não foi possível fazer tudo o que se planejou. O que não foi feito, fica na agenda”. Mas ressalvou que não sairia se ainda houvesse um “tiroteio” por recursos. “Se tivesse uma grande agenda, não sairia”, afirmou.
Em tom de desabafo, Wedekin disse que o cargo havia virado um “peso pessoal muito grande” por obrigá-lo a acordar todas as segundas-feiras às 5h20,