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Embrapa anuncia soja mais tolerante à seca

<p>Nova variedade será produzida em parceria com instituto japonês.</p>

Redação (08/06/06)- A Embrapa em parceria com o Jircas (instituto de pesquisa do governo japonês) anunciaram ontem uma nova variedade de soja mais tolerante à seca. É uma planta geneticamente modificada, que recebeu um gene chamado “”Derb”” da Arabidopsis thaliana (erva daninha nativa dos Estados Unidos). O acordo com a instituição japonesa foi firmado em 2003 e a previsão é que somente em 2008 comecem as pesquisas de campo com a nova variedade, que foi apresentada ontem durante o 4 Congresso Brasileiro de Soja.

O Derb consegue acelerar a codificação de uma proteína que aciona os genes de defesa das estruturas celulares da planta em casas de estiagem prolongada. Quando há estresse na planta ocasionado pela falta de água, a soja aborta as flores e a formação das vagens. Geralmente, esse processo do aborto ocorre a cada cinco ou sete dias sem chuva e quando a umidade do solo está baixa. Essa variedade consegue ampliar a tolerância da planta para até 20 dias. No entanto, o sojicultor ainda tem que atentar para outros procedimentos como manejo adequado do solo e plantio correto.

“”Acreditamos que em 2010 esta será a variedade de soja tolerante à seca mais importante do mundo. E é uma patente internacional da Embrapa e do Jircas””, salientou o coordenador do projeto Alexandre Nepomuceno, pesquisador da Embrapa. Para custear as pesquisas o governo japonês já investiu cerca de US$ 10 milhões. Os investimentos da Embrapa, segundo ele, são difíceis de mensurar porque são custos com salários dos pesquisadores, utilização da infra-estrutura e algum custeio.

Já foram feitos testes de comparação entre as novas variedades e a BR16 (mais sensível à seca) com estresse ameno (5% da umidade do solo) e estresse severo (2,5% de umidade). Enquanto a maior parte das plantas BR16 morreu, a outra variedade permaneceu saudável. As pesquisas seguem em regime de contenção de risco 1, conforme as normas da lei nacional de biossegurança.

CTNBio
No entanto, o prazo para que essas novas variedades cheguem ao mercado parece estar, por enquanto, indefinido. Segundo Nepomuceno, 538 processos estão parados na Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia (CTNBio) por entraves burocráticos. Ele, que faz parte da Comissão como membro do Ministério da Agricultura, informou que o órgão está sob uma “”intervenção branca”” do Ministério Público e, além disso, alguns membros indicados pelos ministérios estão transformando discussões técnicas em ideológicas.

“”Isso está fazendo com que o Brasil perca competitividade na agricultura e perca pesquisas e experimentos que já estão em andamento. A transgênia é uma tecnologia que veio para ficar””, salientou Nepomuceno. Além desses entraves, ainda deve ser levado em conta os investimentos nacionais feitos em pesquisa. Enquanto o Brasil investe apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em ciência e tecnologia; os Estados Unidos direcionam 2,67% do PIB; Japão, 3,06%; e Israel, 4,73%. Ainda deve-se levar em conta que o PIB desses países são bem maiores do que o brasileiro.