Redação (15/05/06)- Os credores da Parmalat Alimentos S.A. podem escolher hoje o investidor que vai adquirir 98,5% do capital da empresa em troca de aporte de recursos para reestruturação das dívidas. O consórcio formado pela Perdigão e o fundo Latin America Equity Partners (Laep) é considerado o candidato mais forte na disputa pelos ativos da Parmalat Alimentos. Na disputa, estão também o GP Investimentos e o Grupo Lala, produtor mexicano de lácteos. Inicialmente, eram 15 os candidatos a investir.
O plano de reestruturação da Parmalat prevê aumento no capital social da empresa de pelo menos R$ 20 milhões para reestruturar as finanças. Fonte ligada à negociação diz que não se trata de venda de participação majoritária (98,5%), mas de aporte que tem como contrapartida o controle da empresa. A diferença é que o “vendedor” não receberá o valor desembolsado, de acordo com a fonte.
O investidor será escolhido com base no formato de pagamento proposto e na maneira como pretende reestruturar a empresa. Apesar da expectativa que o nome de quem vai levar a Parmalat seja escolhido hoje, os credores têm até 30 de maio para bater o martelo. “O plano de reestruturação está sendo cumprido à risca, conforme o esperado”, afirma o advogado representante da Parmalat Alimentos, Thomas Felsberg. O aumento de capital é coordenado pelo Banco Pactual, que recentemente foi vendido para o UBS.
Nova assembléia de credores acontece hoje, quando devem ser discutido o problema com os títulos de dívida nas mãos da Wishaw, empresa uruguaia que não pode ter direito a voto nas assembléias por fazer parte do grupo da Parmalat. Segundo fontes, os títulos da Wishaw estão sendo cancelados.
Batávia
A Batávia S.A. Indústria de Alimentos é a cereja do bolo negociado pela Parmalat. A empresa, que faturou R$ 639,9 milhões em 2005, tem 13,8% do mercado de refrigerados, segundo dados da AC Nielsen citados pelo presidente da Batávia, José Antonio do Prado Fay.
“Qualquer investidor que comprar a Parmalat terá a Batávia como porta de entrada no setor de lácteos”, diz. A empresa produz refrigerados (iogurtes, fermentados e sobremesas) Parmalat e refrigerados e bebidas de soja com a marca Batavo.
Após a venda da Parmalat, porém, a Batávia dará início a “conversações com o controlador, para decidir sobre a ação judicial de exclusão de sócio” que está em tramitação judicial, segundo o advogado da Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (CCLPL), Marcelo Bertoldi. A CCLPL tem 94% da Batávia e a Agromilk, 6%.
Segundo o advogado, a Parmalat, que detinha 51% de participação da Batávia, foi excluída como sócia da empresa em 2004. “Os 51% da Parmalat foram divididos entre a CCLPL e a Agromilk”, conta. Bertoldi diz que o valor a ser pago pela participação da Parmalat na Batávia está sendo discutido judicialmente. Caberá à CCLPL e à Agromilk decidir se acatam o novo controlador ou se dão continuidade à ação de exclusão de sócio, afirma o advogado.
A Perdigão confirmou a o interesse na Batávia. “Estamos em negociação. Quando o negócio estiver fechado, vamos publicar fato relevante”, diz o vice-presidente de Finanças, Administração e Relações com Investidores da Perdigão, Wang Wei Chang.