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Brasil continua persistindo no erro

<p>Dados preliminares indicam queda de 45,5% nas exportações de carne suína no último mês de abril em relação ao mesmo período do ano passado.</p>

Redação (05/05/06) – O presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), Pedro de Camargo Neto, criticou ontem o setor pecuário e o governo pelo surgimento de novos focos de febre aftosa no Brasil. As declarações foram feitas durante a sua participação no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007, realizado hoje em São Paulo.

“O novo foco da febre aftosa no Mato Grosso do Sul se deve a uma sucessão de erros que vêm sendo permitidos sistematicamente pelos pecuaristas e pelo governo. Ou aprendemos com nossos erros e mudamos, ou continuaremos patinando e perdendo mercado mundial”, afirmou. Camargo afirma que o controle da febre aftosa é uma questão de fácil solução. Bastaria vacinar 90% do rebanho por dois anos consecutivos; manter um cadastro dos animais e dos produtores; fazer um controle efetivo do trânsito de animais e multar quem não vacina o rebanho. “Quando isso foi feito pelo Brasil, ficamos um bom tempo livre da doença”.

O presidente da Abipecs ressaltou que o Brasil não consegue conquistar novos mercados, como o Japão, porque o produto brasileiro perdeu credibilidade por conta da falta de controle sanitário. “O Brasil relaxou e o problema voltou. A responsabilidade é nossa e devemos assumi-la”, disse.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que as exportações brasileiras de carne suína começaram a se recuperar em abril, depois de três meses de queda consecutiva. Foi registrado um crescimento superior a 85% no setor em relação a março deste ano. A comparação com abril de 2005, no entanto, revela resultados ainda desanimadores para a balança comercial: 45,5% de queda na receita e 47,2% no volume. O embargo Russo às carnes brasileiras continua sendo o fator principal dos problemas enfrentados pelo setor.

O veto da Rússia às carnes brasileiras está em vigor desde dezembro do ano passado devido ao surgimento de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Desde então, apenas a produção do Rio Grande do Sul foi liberada para comercialização. A Rússia é o principal destino das exportações da carne suína brasileira. O Brasil registrou uma receita de US$ 1,6 bilhão com o embarque das três carnes para a Rússia no ano passado. A carne suína respondeu sozinha por US$ 1,1 bilhão deste total. O embargo continua vigorando para os demais Estados brasileiros, incluindo Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo.