Redação (04/05/06) Será possível, em breve, determinar as fontes que mais oferecem perigo na contaminação por salmonela (principal bactéria de interesse em segurança dos alimentos, principalmente os cárneos) dentro da produção brasileira de suínos. Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves, empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o Eastern Regional Research Center (ERRC/ARS/USDA – Instituto de Segurança Alimentar, localizado em Wyndmoor), dos Estados Unidos, está rastreando a bactéria e determinando de qual ambiente ela é proveniente. “Esse tipo de informação é essencial para os programas de intervenção e controle da salmonela”, explicou a pesquisadora Jalusa Deon Kich, da área de bacteriologia da Embrapa Suínos e Aves.
A Embrapa Suínos e Aves vem trabalhando com afinco nos últimos anos para desenvolver métodos de diagnóstico e alternativas de controle de microorganismos que podem afetar a saúde dos consumidores. Os estudos sobre o controle das salmonelas estão entre os mais importantes. No ano passado, o projeto “Desenvolvimento de Metodologias e Processos para Identificação e Controle da Infecção por Salmonelas em Rebanhos Suínos” apresentou um teste de ELISA (teste automatizado que detecta anticorporpos contra a salmonela no soro ou suco de carne de suínos que foram infectados) com a intenção de oferecer ao mercado um kit nacional para a classificação de rebanhos suínos quanto à intensidade da infecção por salmonelas.
O trabalho em conjunto com o ERRC é uma seqüência dos resultados já alcançados até agora pela Embrapa Suínos e Aves. “O intercâmbio com os pesquisadores norte-americanos nos deu acesso a métodos mais precisos de diagnóstico e caracterização das salmonelas isoladas no Brasil. Ao mesmo tempo, vamos comparar as amostras que coletamos no Brasil com as encontradas nos Estados Unidos. A intenção é rastrear as cepas de salmonela ao longo da cadeia de produção, desde a granja até as carcaças que estão prontas para a venda”, disse Jalusa Kich. Ao todo, 1.200 amostras de salmonela coletadas pela Embrapa Suínos e Aves foram analisadas nos laboratórios do ERRC e 582 foram caracterizadas quanto ao perfil de resistência antimicrobiana em outro laboratório do USDA, localizado em Athens.
Os pesquisadores da Embrapa já descobriram que o tipo de salmonela mais comum encontrado no país está distribuído em várias instâncias da cadeia produtiva. A partir de agora, a intenção é detectar qual o ponto crítico de disseminação da bactéria, que pode, por exemplo, estar relacionado com fases anteriores da produção, ambiente da granja, ração ou aos dejetos dos suínos. Na opinião da pesquisadora Jalusa, descobrir e atacar o ponto crítico é um passo imprescindível para instalar um controle eficiente da salmonela. “Em todo o mundo, as agroindústrias estão sensíveis ao controle de agentes que colocam em risco a saúde dos consumidores. No caso brasileiro, será possível dar ainda mais credibilidade aos nossos produtos, para disputar mercados ainda mais exigentes”, completou Jalusa.