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USDA reduz embarques de soja dos EUA

<p>Preços da commodity sobem na bolsa de Chicago, mesmo com previsão de estoques americanos maiores.</p>

Da Redação 12/12/2005 – O relatório mensal de oferta e demanda de grãos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado na sexta-feira, reviu para baixo a projeção de exportação de soja americana na safra 2005/06, aumentou os embarques do Brasil e elevou a previsão de estoques finais para o maior volume dos últimos 20 anos. Mesmo com o tom baixista, as cotações futuras do grão fecharam em alta na bolsa de Chicago, a US$ 5,7850 o bushel.

“O mercado já esperava um pequeno aumento dos estoques, que foi confirmado, mas ficou acima do projetado”, observou Renato Sayeg, da Tetras Corretora. “O fato mais surpreendente foi o aumento das exportações brasileiras e recuo dos embarques americanos.”

Vinícios Ito, da Fimat Futures, lembrou que os custos com frete marítimo no mercado doméstico americano aumentaram em virtude dos furacões. “Todo o escoamento é feito pelo Golfo e passa por Nova Orleans”, disse. “Os preços em Chicago têm refletido também a boa demanda por parte da China, que retornou ao mercado.”

A produção americana foi mantida em 82,82 milhões de toneladas, mas a estimativa de exportações foi reduzida em 1,5 milhão de toneladas, para 27,76 milhões, devido a problemas logísticos em função dos furacões e à decisão da China de comprar mais da Argentina e menos dos EUA, segundo Seneri Paludo, da Agência Rural. Os estoques finais foram revistos em 1,5 milhão de toneladas, para 11,02 milhões, o maior – maior estoque desde a safra 1985/86.

Paulo Molinari, analista da Safras&Mercado, disse que a evolução da safra sul-americana deverá ditar nos próximos meses o quadro de oferta de demanda global, bem como os preços nas bolsas americanas. A safra argentina está prevista em 40,5 milhões de toneladas, com exportações de 9,7 milhões e estoque final de 14,39 milhões de toneladas. A Secretaria de Agricultura da Argentina informou que os produtores plantaram 70% da área de soja para esta safra, de 15,11 milhões de hectares.

Para o Brasil, o USDA manteve previsão de safra de 58,5 milhões de toneladas, mas aumentou a projeção de exportações em 1 milhão de toneladas, para 25 milhões. Os estoque finais foram revistos de 16,11 milhões para 15,84 milhões de toneladas. Molinari disse que o clima está favorável à safra brasileira e há potencial para atingir até 59 milhões de toneladas. “Não sei se o Brasil terá condições de exportar tudo isso se não houver mudança no câmbio.”

No caso do milho, o avanço da gripe aviária ainda não afetou a demanda mundial do grão. O relatório do USDA reduziu as previsões de exportação dos Estados Unidos em 2,54 milhões de toneladas, para 48,26 milhões, devido, sobretudo, ao aumento da produção na China. A produção americana ficou mantida em 280,23 milhões de toneladas, e os estoques finais foram revistos para cima em 2,53 milhões de toneladas, para 61,45 milhões.

A safra brasileira de milho foi mantida em 42,5 milhões de toneladas, com exportação de 1,3 milhão e estoque final de 1,82 milhão de toneladas. A produção argentina está estimada em 17,3 milhões de toneladas, com exportações de 12 milhões e estoque final de 430 mil toneladas. O governo argentino informou que o plantio atinge 79% da área prevista para a safra, de 3,055 milhões de hectares.