Da Redação 095/12/2005 – A multinacional americana Monsanto, conhecida no Brasil e no mundo pela tecnologia transgênica aplicada em soja, está reforçando a aposta na área de sementes de milho – onde detém cerca de 10% de participação de mercado (sementes convencionais) com as marcas Dekalb e Agroceres.
Para isso, fez adaptações em sua unidade de Uberlândia (MG) para desenvolver pesquisas e processar sementes de milho transgênico. A companhia já protocolou dois pedidos junto à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) de aprovação comercial, para o milho Guardian (resistente a insetos da ordem Lepidoptera) e para o milho Roundup Ready, tolerante ao herbicida glifosato.
A múlti também solicitará à CTNBio autorização para a realização de pesquisas no Brasil para adaptar as variedades de milho Yielgard (resistente a insetos) e de milho e algodão Roundup Ready. “O foco da área de pesquisas no Brasil está centrado nessas três variedades, mas há consciência de que a liberação comercial dessas cultivares levará anos”, afirma Rogério Andrade, pesquisador da Monsanto. A expectativa é que com a nomeação dos novos membros da CTNBio depois da regulamentação da Lei de Biossegurança os pedidos comecem a ser avaliados em 2006.
No exterior, a companhia espera a liberação comercial em alguns países das variedades de milho Yielgard Cornborer (resistente a lagartos) e Yielgard Rootmon (resistente a Spodópteras), segundo Andrade.
Para dar suporte à estratégia no Brasil, a empresa adaptou um dos laboratórios de pesquisa de Uberlândia para para operar exclusivamente com análises de transgênicos. Uma nova unidade de armazenagem com capacidade para 250 mil sacas também foi construída em julho deste ano para concentrar a distribuição de milho. O valor investido na unidade foi mantido em sigilo pela multinacional.
A Monsanto possui hoje no Brasil 40 híbridos de milho. A produção dessas sementes deve totalizar 1,1 milhão de sacas (de 20 quilos, em média) em 2005, ante 1,3 milhão em 2004. Paulo Ghidini, gerente de operações de sementes da Monsanto, diz que a redução foi feita para acompanhar a queda da demanda no mercado interno. Para 2006, a previsão é manter o mesmo volume produzido neste ano.
A Monsanto pretende investir US$ 12,3 milhões em pesquisas no Brasil na safra 2005/06. No ano passado, foram aplicados US$ 9,4 milhões. A multinacional americana também preferiu não informar a expectativa de recolhimento de royalties no país neste ano com o licenciamento da tecnologia RR para soja transgênica. Em 2004, a empresa obteve receita bruta no Brasil (excluindo receita financeira) de R$ 2,568 bilhões. Este valor inclui as vendas de herbicidas.
A empresa atua na área de sementes no Brasil desde 1998, quando adquiriu cinco empresas do setor. A estrutura total é formada por 20 unidades, sendo duas fábricas para herbicidas – Camaçari (BA) e São José dos Campos (SP) – , dois escritórios (um em Londrina e outro em São Paulo) e 16 unidades de pesquisa e/ou processamento de sementes de milho, soja e sorgo.
As pesquisas e o processamento de sementes de milho são realizados nas unidades de Santa Helena de Goiás (GO), Uberlândia, Paracatu e Cachoeira Dourada (MG), Barretos, Ipuã e Itaí (SP), Andirá (PR), e Não Me Toque (RS). A empresa também desenvolve testes de campo em 50 locais distribuídos pela região Centro-Sul do país.
Rogério Andrade observa que o processo de desenvolvimento de uma semente leva em média sete anos até que ela alcance as características comerciais necessárias. A cada ano a Monsanto pesquisa 15 mil novos híbridos. Deste total, menos de dez chegam ao mercado. Em 2004 foram lançados seis híbridos. Neste ano, foram dois e, para 2006, estão previstos seis lançamentos. A multiplicação de sementes é feita por parceiros.