Da Redação 29/11/2005 – Os exportadores de soja geneticamente modificada podem ser obrigados a gastar até 7% mais na hora de vender o produto ao exterior. A estimativa é da organização não-governamental Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), divulgada com base em cálculos da Arcadia, uma consultoria belga.
Se formos considerar um custo adicional de 5% no complexo soja (farelo, grão e óleo) por causa das regras de biossegurança em discussão, o gasto poderia aumentar em US$ 500 milhões de na limpeza e controle de trens, silos ou portos, por exemplo explicou o representante no Brasil do serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), Anderson Galvão, afirmando que o Brasil pode perder competitividade no mercado internacional.
Representantes do setor privado alegam que os impactos no custo de produção das commodities só ocorrerão se o governo brasileiro aprovar a expressão “contém” no Protocolo de Biossegurança de Cartagena, um documento ainda em construção, adotado por 127 países, que prevê regras de biossegurança para os alimentos transgênicos comercializados no mercado internacional.
O protocolo está tentando criar regras que podem dificultar o comércio explicou o pesquisador do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), Rodrigo Abreu de Lima, justificando que grandes exportadores de soja (Estados Unidos e Argentina) não assinaram o documento por temerem perda de competitividade.
Segundo ele, adotar a expressão “pode conter” organismos modificados nas notas fiscais das cargas de alimentos transgênicos a serem exportadas seria a solução para não acarretar aumentos de custos.
Por enquanto, a posição do governo sobre o Protocolo de Cartagena ainda está indefinida. No próximo mês, a Casa Civil deve convocar uma reunião para discutir o assunto. O objetivo do governo é tentar diminuir a divergência entre a ala ambientalista do governo que defende o “contém” (Ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Saúde e Justiça) e a área (Ministério da Agricultura do Desenvolvimento e da Indústria e da Ciência e Tecnologia) que apóia a expressão “pode conter”. A definição deve ocorrer em março de 2006, quando os representantes dos 127 países se reunirão em Curitiba, Paraná, para fechar uma posição sobre o protocolo.