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Os mercados de milho e soja em 1999

<p>Faltou milho no mercado. A alta do dólar dificultou a importação do produto, mas favoreceu a exportação de soja. Os dois setores sofreram influências externas, principalmente climáticas e econômicas.</p>

Redação (142 – 2000) – Vários fatores influenciaram os mercados de milho e soja deste ano no Brasil. Entre eles, a desvalorização real frente ao dólar, os fenômenos naturais La Nia e El Nio, além do reflexo das crises enfrentadas em 1998 asiática e da Rússia. Tais fatores frustraram a safra de milho 98/99 que, de acordo com Oscar Frick, técnico de milho da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), ficou em torno de 31,5 milhões de toneladas (dados de Safras & Mercado), ou em 32,4 milhões (última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab). Mesmo tendo números diferentes, os dois balanços se mostram insuficientes para atender a demanda do mercado nacional, que gira entre 34,8 e 35 milhões de toneladas, informa Frick. Ou seja, faltou milho este ano, o que ocasionou elevação de preço do produto nacional, chegando a equivalência com o importado. Segundo Eledon Pereira de Oliveira, da Conab, o movimento do milho este ano foi de aproximadamente R$ 54 bilhões.

Por sua vez, o mercado da soja encerra 1999 com resultados relativamente bons, com uma safra de 30,6 milhões de toneladas, conforme Antônio Bueno, técnico de soja da BM&F. Segundo ele, a alta do dólar favoreceu as exportações, tornando-a mais competitiva no mercado internacional, melhorando um pouco a situação dos sojicultores. O movimento neste mercado em 1999 foi de R$ 11 bilhões.

No mercado de milho, a instabilidade do real aumentou a pressão de compra, tornando a comercialização rápida e elevando os preços. Neste último trimestre o produto chegou a equiparar-se com a paridade de importação, diz Oliveira. Em 1999, até o Paraná, o maior produtor interno de milho, sofreu com a crise de escassez.

A Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS) informa que deve haver aumento de preço neste setor pelo menos até janeiro de 2000. Alguns produtores, no entanto, estão solicitando que o governo tome medidas para garantir o abastecimento do mercado nacional e evitar o aumento de preço excessivo nos preços e o seu reflexo na produção suinícola. Entre as medidas propostas, por exemplo, cita-se a redução da alíquota de importação de terceiros países de 11% para 2% e a liberação do prazo de pagamento das importações, atualmente à vista. Mas tudo leva a crer que o Governo Federal parou de operar no mercado de milho. Em março já havia pistas de que faltaria grãos para os setores de aves e suínos. Mas o Governo não adotou nenhuma ação, comenta o presidente do Sindicato Nacional dos Suinocultores (Sinasui), Valdomiro Ferreira Júnior.
Mas, apesar de tudo, os mercados de milho e soja sobreviveram a 1999. E os produtores de suínos já estão buscando alternativas à falta de milho para o plantel. Há um grande esforço para não se elevar o preço e não diminuir o aumento do volume de proteína animal consumido pela população, hoje na casa dos 12 quilos per capita, conforme algumas fontes.

Milho Importação ou substituição pelo trigo. As agroindústrias de produtores de frangos de Santa Catarina devem optar por uma destas alternativas para suprir a falta de milho no mercado. Elas foram apresentadas durante o 1 Simpósio Internacional sobre Nutrição de Aves, que aconteceu no mês de novembro na Embrapa Suínos e Aves de Concórdia (SC). Guardadas as diferenças entre as culturas de suínos e aves, soluções como estas devem ser estudas pelos suinocultores para diminuir a conta com a alimentação animal.

O que poderia ajudar a minimizar algumas perdas conseqüentes da escassez de milho seria a safrinha. Mas isso não aconteceu. A safrinha respondeu por 4,9 milhões de toneladas, ficando entre 10% e 12% abaixo do recorde histórico de 5,4 milhões de toneladas alcançado em 1998, e que se esperava repetir em 1999, avalia Frick.

Soja Os sojicultores encontraram nas exportações uma excelente maneira de escoar a produção, pois foram amplamente favorecidos pela alta cambial. Entretanto, Oliveira afirma que este mesmo fator está prejudicando as importações dos insumos básicos como fertilizantes e defensivos para o uso na próxima safra. Mas, mesmo assim, ele afirma que o plantio de soja deve ficar acima dos níveis esperados no que se refere à área de produção, devido à própria liquidez do produto. Os sojicultores têm o benefício de possuírem dois mercados fortes: interno e externo, diz Oliveira. Sem dúvida, a instabilidade da moeda no início do ano foi providencial para a sojicultura. A mexida no câmbio evitou a queda das cotações em moeda nacional, o que teria sido desastroso para os produtores.