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Brasil Sul discute regionalização avícola

<p>Regionalização da avicultura brasileira é a saída para enfrentar a gripe aviária.</p>

Redação AI 07/04/2005 – Implantar o programa de regionalização é prioridade máxima para a imensa e complexa cadeia da avicultura industrial brasileira evitar o surgimento da temível gripe aviária. A constatação foi obtida no VI Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que encerra-se nesta quinta-feira (07/04) em Chapecó (SC), após conferência do professor Ariel Mendes (foto), vice-presidente técnico e científico da União Brasileira de Avicultura.

Em face da ameaça mundial da influenza aviária transformar-se em uma pandemia, a regionalização tornou-se uma obsessão para os produtores, a indústria e o governo. Essa é a estratégia para evitar que uma doença detectada em algum ponto remoto do Brasil, de dimensões continentais, provoque a suspensão de todas as exportações de carnes de aves do País.

Os palestrantes do Simpósio expressaram que o sentimento de apreensão e pânico no setor cedeu lugar à revolta diante da recente decisão do governo cortar os recursos para defesa sanitária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os já insuficientes R$ 134 milhões foram reduzidos a R$ 37 milhões.

Ariel Mendes assinala que a ocorrência de um surto de Doença de Newcastle ou Influenza Aviária causará impacto econômico bilionário na avicultura brasileira pois resultará no sacrifício de aves na região do foco e perifoco; seqüestro de carcaças nos abatedouros e portos, lucro cessante com o despovoamento e impossiblidade de alojamento de aves; prejuízos com o não cumprimento de contratos de exportação, queda no preço da carne de frango no mercado interno com a queda no consumo e o excesso de oferta pela impossiblidade de exportar.

O diretor da UBA mostra que, com a implementação de um programa de regionalização, o impacto econômico poderá ser minimizado, pois a organização da produção avícola por regiões tem como objetivo criar condições para caso uma doença infecto-contagiosa se estabeleça em um lugar, fique restrita àquela região, preservando os plantéis existentes em outras. Além disso, preservará o mercado internacional a partir das áreas não afetadas ou comprometidas pela doença.
O sistema de regionalização proposto será misto, ou seja, por Estado nas regiões sul, sudeste e centro oeste. Nas demais áreas serão estabelecidas macrorregiões como por exemplo, nordeste e norte. Cada região funcionará como se fosse um país. Os pré-requisitos incluem-se possuir cadastro eletrônico e georeferenciado de todas as propriedades avícolas comerciais, implementar programas eficazes de fiscalização nas fronteiras estaduais com a definição de corredores de trânsito, programas de vigilância e seguimento epidemiológico contínuo para demonstrar que o Estado a condição de “livre de Newcastle e Influenza Aviária”.

O setor privado deverá criar, paralelamente, o FISA Fundo de Indenização Sanitária da Avicultura que terá caráter indenizatório e de combate a focos e será administrado por um comitê gestor criado pela UBA e pela ABEF. Em três anos deve acumular pelo menos R$ 60 milhões.

Com o plano de regionalização, se a doença ficar restrita a uma região, impedindo que outras regiões sejam afetadas, as chances de controlar um eventual foco serão muito maiores. Considerando a importância do mercado internacional no segmento de aves, há necessidade de que os embarques das regiões não afetadas não sofram restrições de continuidade, uma vez que não há condições para estocagem da produção e porque o abate das aves também não pode ser protelado.
CARTA “Carta de Chapecó”, aprovada durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, reclama urgência na implantação do sistema de regionalização. Um dos principais entraves é a mudança da legislação sanitária e a obtenção de consensos de todos os Estados da Federação pois eles serão responsáveis pela operação do sistema.

As informações e fotos são de Marcos Bedin e de Veruska Tasca, de Chapecó (SC).