Da Redação 13/01/2004 – 05h55 – O Brasil avaliou de forma positiva, ontem, a proposta do representante de Comércio Exterior dos Estados Unidos, Robert Zoellick, de resolver o capítulo agrícola das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) como um passo para superar a paralisia atual da rodada de Doha.
“Estamos estudando com atenção a substância da carta de Zoellick (dirigida aos 146 ministros de Comércio da OMC), mas a iniciativa nos parece positiva”, disse o embaixador brasileiro na OMC, Luiz Felipe de Seixas Correa. “É um compromisso com o processo de Doha e pode dinamizar as negociações” multilaterais, assinalou.
O representante dos Estados Unidos expressa na carta sua convicção de que não poderá se resolver “o quebra-cabeças” em que se converteu a rodada de Doha “a menos que cheguemos a um acordo para eliminar os subsídios às exportações em uma data fixa”.
As negociações comerciais multilaterais lançadas em Doha, capital do Catar, pelos ministros da OMC, em novembro de 2001, estão praticamente paradas desde a última reunião ministerial realizada em setembro do ano passado em Cancún (México) devido às divergências sobre a eliminação dos subsídios agrícolas concedidos pelos países industrializados.
Para Seixas Corrêa, a proposta de Zoellick “demonstra flexibilidade em alguns pontos, mas é preciso ver como se traduz em posições negociadoras”. O diplomata brasileiro não quis comentar a sugestão de que a próxima presidência do Conselho Geral da OMC seja ocupada pelo representante de um país em desenvolvimento, apesar de, pelo rodízio, caber ao embaixador de um desenvolvido, e assinalou que não se trata de uma reivindicação do Brasil.
Zoellick acrescenta na carta enviada aos representantes dos demais países da OMC que “há muitos candidatos idôneos e com experiência”, citando como exemplo os embaixadores do Brasil, Chile, Paquistão, Cingapura e África do Sul no organismo.
Entre os possíveis candidatos para substituir o atual presidente do Conselho Geral da OMC, o uruguaio Carlos Pérez del Castillo, há até o momento os embaixadores da Nova Zelândia e do Japão.