Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Gripe do frango

Doença muda rotas das vendas externas.

Redação AI 03/03/2004 – 05h12 – Mesmo que produza efeitos favoráveis momentâneos sobre o setor avícola no Brasil, a gripe asiática começa a aquecer os negócios de frigoríficos e escritórios gaúchos de exportação. Os pedidos já aumentaram de países do Oriente Médio e do Japão.

O frigorífico Penasul Alimentos, de Garibaldi, trabalha com embarques programados para o Japão até maio. O país triplicou os pedidos à empresa desde os primeiros registros da influenza aviária na Ásia, no final do ano passado. Nos próximos meses, a empresa deve enviar, somente ao Japão, 800 toneladas de frango.

Além de volume, o frigorífico do grupo norte-americano OSI, que também opera com a marca Pena Branca, ganhou no preço.

“A coxa de frango desossada passou de US$ 1,5 mil a tonelada para US$ 3 mil”, afirma o trader (negociador) do setor de exportações do Penasul, Leonardo Rinaldi.

Segundo Rinaldi, as encomendas de clientes tradicionais da China e Hong Kong chegaram a cair nos últimos dias, após a alta nos preços internacionais do produto e da redução no consumo interno. Mas a redução foi compensada com as encomendas do Japão.

“Os clientes da China tinham bons estoques e estão segurando novas encomendas, porque o preço subiu. Mas logo devem voltar a comprar e pagando preços melhores, o que gera uma perspectiva positiva para os próximos meses”, analisa Rinaldi.

Como não comem carne suína, os países árabes também sofrem os reflexos da gripe asiática e aumentam as exportações brasileiras, explica o sócio-proprietário do escritório de exportações Heinz & Sebben Associados, Jorge Sebben.

“Houve demanda de países que inicialmente nem prevíamos, como os da região do Golfo, que passou a encomendar do Brasil embutidos de frango”, revela Sebben.

O salto nas vendas externas foi verificado também entre clientes da Four Importações e Exportações Ltda, de Lajeado, empresa que intermedia negócios principalmente para o setor avícola. O sócio-proprietário João Dirceu Konrad conta que há empresas com encomendas suficientes para exportar metade da produção, ante 20% vendidos ao mercado externo normalmente. O que não significa aumento na produção do frango.

“Não se amplia a produção da noite para o dia. O que se faz é retirar parte do que iria para o mercado interno e destiná-la às exportações. Para ampliar a produção, é preciso respeitar o ciclo do frango, de cerca de 120 dias, e o comportamento do mercado”, explica.