Da Redação 01/10/2004 – Ainda sem sinais do fim do embargo imposto por Moscou às carnes brasileiras, o Brasil reúne-se nesta sexta-feira com a Rússia, em Genebra, para tratar da entrada russa na Organização Mundial de Comércio (OMC). Brasília insistirá que, para apoiar a Rússia, quer elevação de cotas para as carnes bovina, suína e de frango naquele mercado. E a postura do Itamaraty deverá refletir a crescente irritação com as tergiversações de Moscou.
Pedro Camargo Neto, da Sociedade Rural Brasileira (SRB), nota que Moscou está fechando acordos bilaterais com EUA e União Européia, e que logo virá a China. “Quando chegar a nossa vez, pode não ter mais nada. E não podemos aceitar disputar migalhas”. Camargo estima que a venda de carne brasileira à Rússia chegará a US$ 700 milhões no ano. O país absorve, por exemplo, 65% das exportações brasileiras de carne suína.
A entrada da carne na Rússia é regulada por quotas tarifárias com origem geográfica. Os importadores russos têm conseguido, porém, alterá-las para comprar do Brasil, que oferece preços mais baixos. Ocorre que, quando a Rússia entrar na OMC, será difícil mudar a origem e o Brasil perderá espaço.
A UE já assinou acordo bilateral para o acesso da Rússia na OMC, e garantiu o acesso de mais de 50% de sua carne suína na Rússia. Os EUA dão seu apoio, em troca de vantagens para a carne de frango.
Mas, nesta sexta, os russos deverão ouvir mais do que queixas sobre carne. O Brasil vem aumentando as demandas, e já são mais de 600 produtos para os quais Brasília quer queda significativa de tarifas.