Da Redação 14/07/2003 – O novo pacote de normas de segurança alimentar, que entrará em vigor a partir de 20 de julho, prevê aumento da burocracia: pode dobrar de 40 para 80 dias o período necessário para se obter uma permissão de importação de soja.
A medida deve afetar em cheio Brasil, Argentina e Estados Unidos, grandes fornecedores da oleaginosa para o país.
De acordo com as novas regras, os exportadores terão que obter, antecipadamente, um certificado emitido pelo Ministério da Agricultura da China. Esse certificado deverá estar em mãos antes mesmo que o comprador chinês solicite a permissão para importar a carga, informa o China National Grain & Oils Information Center, afiliado à Administração Estatal de Grãos, em um relatório.
Pelas regras atuais, o exportador obtém o certificado ao mesmo tempo em que o importador fecha o negócio de compra da carga.
As novas regras podem dobrar de 40 para 80 dias o tempo necessário para concluir os dois processos. Se forem implementados, os novos procedimentos “vão prolongar o processo de aprovação para o governo controlar melhor o fluxo de importações”, diz Zhang Xiaoping, vice-diretor do escritório local da Associação Americana de Soja em Pequim.
Prazo estendido
A notícia jogou um balde de água fria sobre o otimismo gerado na quinta-feira, quando o governo chinês anunciou que estenderia o prazo para importar soja geneticamente modificada.
Antes, as importações de soja geneticamente modificada estavam autorizadas até 20 de setembro. Agora, o novo período vai de 20 de setembro de 2003 a 20 de abril de 2004. O anúncio trouxe alívio ao mercado porque permitirá a continuidade dos negócios.
A China aceita certificados de segurança alimentar emitidos pelos governos dos países exportadores. O Brasil já emite certificado para os embarques do grão.
A partir de 20 de julho, a China começará a aceitar as solicitações para as importações de soja transgênica com entrega posterior a 20 de setembro deste ano.
Comprador voraz
A presença da China no mercado internacional nos últimos dois anos redesenhou o panorama mundial de oferta e demanda de soja. O aumento do consumo de aves e suínos alavancou a demanda chinesa por proteínas, beneficiando grandes produtores mundiais e atraindo investimentos de esmagadoras como a Cargill e a Archer Daniels Midland (ADM).
A China transformou-se na maior importadora mundial de soja. Somente no ano passado, o país comprou 4,61 milhões de toneladas dos Estados Unidos, 2,77 milhões de toneladas da Argentina e 3,91 milhões de toneladas de soja em grão do Brasil.