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Baixa oferta aumenta o preço do suíno

Plantel dos produtores autônomos reduziu 40% após a crise de mais de 15 meses.

Redação SI 10/10/2003 – 04h03 – Após enfrentarem 18 meses de crise, os suinocultores chegam ao final do ano com a perspectiva de passarem o Natal com um pouco mais de dinheiro no bolso. A falta de oferta decorrente da redução do plantel elevou o preço do quilo do suíno, que foi vendido ontem, em média no Paraná, por R$ 2,07. No início de 2003, o produto custava R$ 1,40. O custo de produção no Estado varia de R$ 1,80 a R$ 1,90 por quilo.

A recuperação dos preços começou em setembro, quado o preço passou de R$ 1,53 para R$ 1,84. A informação é de Guilherme Oscar Richter, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seab). Segundo ele, a proximidade das festas de final de ano também aumentou a demanda por carne suína. “É nessa época que os frigoríficos fazem seus estoques”, explicou.

No ano passado, a produção paranaense de suínos aumentou 15%, atingindo 2,8 milhões de abates. Para esse ano, a perspectiva é de manter essa média de produção. “Esse número pode até ser menor”, enfatizou o técnico.

A Associação Paranaense de Suinocultores (APS) estima que o plantel dos suinocultores autônomos, que correspondem à maioria dos criadores do Estado, foi reduzido em 40% desde 2002. No caso dos integrados a frigoríficos, a diminuição foi de 5%.

Irineu Wessler, presidente da entidade, comentou que enquanto a oferta cai, o consumo é crescente nos estados do Sul do País. Na região, cada habitante consome, em média, 22 quilos de carne e derivados por ano. No restante do País, o consumo per capita é de 11 quilos.

Um dos motivos do aumento é a popularização das festas gastrônomicas com pratos à base de carne suína. “Há cinco anos, havia umas seis festas. Hoje, são mais de 500. Isso aquece o mercado, as pessoas gostam do produto e fazem propaganda”, disse.

Apesar do otimismo, ele recomenda que os produtores evitem aumentar o plantel. “Não há motivo para euforia. O aumento de oferta vai dar espaço para nova crise”, comentou.

O economista Gustavo Fanaya, do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Paraná (Sindicarne), afirmou que o ciclo de bons preços seguidos por crise é histórico na suinocultura. Como a produção é pulverizada, as decisões dos produtores sobre o aumento do plantel são individuais e imprevisíveis. “Fora isso, há uma tendência de levar em conta apenas as possibilidade de lucro do momento. Essa atitude imediatista pode gerar prejuízo mais pra frente.”

Ele confirmou que os frigoríficos enfrentam dificuldade para encontrar matéria-prima e, por isso, pagam de 20% a 30% a mais pelo produto. Essa alta não foi totalmente repassada para o preço da carne no atacado, que recebe 9% a mais pela mercadoria. Segundo Fanaya, o consumidor não tem renda para absorver o aumento de uma só vez. “Além disso, as grandes redes varejistas têm muito poder de barganha.”

Enquanto a APS aposta em novas valorizações dos suínos, o Sindicarne acredita em estabilização de preços, já que os frigoríficos não conseguem repassar a alta. A demanda também deve diminuir a partir de novembro, quando encerram as compras para o final do ano.