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Antimicrobianos

Ciclo de Palestras da Phibro Animal Health promoveu amplo debate sobre a nova Legislação Européia que regulamenta o uso de aditivos na produção animal.

Da Redação AI/SI – 03/12/2003 – 10h45 – Um tiro no pé. Esse é o efeito que a nova legislação da União Européia, que regulamenta a utilização de aditivos destinados à alimentação animal, terá sobre os próprios produtores europeus de aves e suínos. Ao banir a utilização de aditivos durante a produção animal, a Comunidade Européia vai, ao mesmo tempo, encarecer os custos de sua produção animal, piorar a qualidade de seu produto final, aumentar a possibilidade de incidência de enfermidades em seus rebanhos e produzir uma maior contaminação ambiental.

Esse foi um dos comentários feitos pelo diretor técnico para América Latina da Phibro Animal Health, César A. Lopes, em sua apresentação no Ciclo de Palestras promovido pela empresa ontem (02/12), na cidade de Campinas (SP). “Ao adotar essas medidas os europeus provavelmente ficarão sem condições de produzir aves e suínos em seus países”, disse Lopes. “Talvez daqui a 10 anos, a Europa não vá estar mais produzindo frangos e suínos, ou se estiver serão quantidades muito pequenas”.

Aprovada recentemente, a Normativa 1831/2003, que proíbe o uso de aditivos e promotores de crescimento na alimentação animal e que entra em vigor a partir de outubro de 2004, foi o tema central de sua palestra.

Pano de fundo – A ocorrência de casos de BSE (mal da vaca louca) na Europa, a constatação da presença de dioxina em tecidos animais, a idéia generalizada entre os europeus de que “tudo que é químico é tóxico e de que tudo que é natural não é tóxico” são alguns dos fatores que têm gerado enorme preocupação nos consumidores europeus. Estes por sua vez, vêm exigindo da cadeia ligada à produção animal uma postura mais crítica quanto a qualidade e segurança dos alimentos, em especial ao uso de medicamentos veterinários durante sua produção. A constatação da presença de resíduos de aditivos em produtos cárneos e o receio da indução da resistência bacteriana, veiculadas por alimentos de origem animal, fizeram com que os aditivos passassem a ser vistos como fatores de risco para a saúde humana e formam o pano de fundo para a construção da Normativa 1831/2003, que bane a utilização de antibióticos promotores de crescimento a partir de 2006.

Nesse cenário, o Brasil, como grande exportador, tem que estar preparado para manter sua participação no mercado internacional de proteína animal, sobretudo no mercado europeu. “O Brasil é um grande exportador de produtos agrícolas e agropecuários. Como a Europa vai cada vez mais produzir menos e consequentemente importar mais produtos de origem animal, o Brasil tem que estar atento a essas medidas para manter sua presença nesse mercado e até aumentá-la”, afirma Lopes.

Segundo o diretor da Phibro, a efetivação da nova regulamentação sobre aditivos não deve alterar os procedimentos atualmente adotados pelos produtores brasileiros uma vez que todas as empresas avícolas exportadoras já estão totalmente adequadas e contemplam a lista de exigências previstas pela normativa. “Essa regulamentação na verdade não modifica em nada o que as empresas brasileiras já vêm fazendo. Apenas coloca no papel o que as companhias exportadoras já estão seguindo”, avalia Lopes. De acordo com Lopes, o principal reflexo será o encarecimento dos custos da produção voltada ao mercado europeu. “A produção avícola brasileira voltada ao mercado internacional, no caso para a União Européia, terá um custo mais alto quando comparada a produção avícola voltada ao mercado doméstico”, pondera. “Ao mesmo tempo, a produção direcionada ao mercado local além de ter um custo menor terá qualidade igual ou até mesmo superior do que a dos produtos que os europeus estão consumindo”.

Histórico- Os aditivos alimentares, segundo o diretor da Phibro, são usados na indústria de produção animal há mais de 50 anos no mundo inteiro. De acordo com Lopes, através de sua utilização foi possível reduzir a incidência de doenças nos rebanhos, aumentar o desempenho de aves e suínos e melhorar a qualidade da carne etc. “Essa Legislação européia não contribui de nenhuma forma para a melhora da qualidade do que se produz, pelo contrário, aumenta os custos de produção, a contaminação ambiental (pois devido à queda da produtividade faz-se necessário aumentar o número de animais para se atingir a mesma produção), em síntese, é uma política que os europeus utilizam para dificultar a exportação de outros países e que visa proteger o mercado europeu”.

Segundo Lopes, o primeiro passo rumo ao banimento total dos aditivos alimentares foi dado na Suécia em 1985. “Nessa época a Suécia imaginava que produzindo animais totalmente livres de aditivos promotores de crescimento teria uma penetração maior no mercado internacional”, comenta. “O que aconteceu foi justamente o contrário. Os animais passaram a ficar doentes com uma freqüência tão grande que a os produtores suecos foram obrigados a aumentar muito o uso de antibióticos no tratamento desses animais. No final os custos de produção desses produtores ficaram altíssimos”, completa. O resultado, avalia Lopes, é que sem embasamento científico os consumidores europeus foram convencidos de que a utilização de aditivos na alimentação animal pode ser prejudicial a saúde. “E o uso de aditivos, promotores de crescimento e antibióticos é um assunto muito técnico e que o cidadão comum não vai ter tempo ou disposição de entender na sua rotina diária”, lamenta Lopes.

Em tempo – Promover uma ampla discussão sobre as implicações que a nova legislação européia sobre a utilização dos aditivos alimentares terá sobre a cadeia de produção animal brasileira. Esse é o principal objetivo do Ciclo de Palestras, promovido pela Phibro Animal Health. “O banimento dos aditivos da produção animal é um assunto bastante polêmico, muito controvertido e nós da Phibro queremos, através desse evento, contribuir prestando alguns esclarecimentos para a comunidade avícola”, afirma Fernando Mostardeiro, diretor de venda e marketing da empresa. Preocupada em atingir o maior número de pessoas possível, a Phibro optou por fazer do Ciclo de Palestras um evento itinerante. Além de Campinas, onde registrou a participação de cerca de 40 pessoas, o evento será realizado na cidade paranaense de Cascavel (03/12), na catarinense Chapecó (04/12) e na gaúcha Farroupilha (05/12).

Anticoccidianos

A Normativa 1831/2003, que proíbe o uso de aditivos e promotores de crescimento na alimentação animal e que entra em vigor a partir de outubro de 2004, não tem posição definitiva quanto a utilização dos aditivos anticcocidianos. Até o ano de 2008, a União Européia deve emitir um relatório com o resultado conclusivos dos estudos que tratam da possibilidade de substituição dos anticoccidianos na produção animal. Atualmente já existem algumas tecnologias sendo testadas para essa substituição. A principal delas é a chamada vacina contra coccidiose. “A primeira vacina contra coccidiose, e que ainda é utilizada, foi desenvolvida em 1954, ou seja, essa é uma idéia que não conseguiu progredir é que talvez não seja a melhor opção” comenta César A. Lopes, diretor técnico para América Latina da Phibro Animal Health. Caso não seja encontrado nenhum substituto aos aditivos atualmente utilizados, explica Lopes, existe a possibilidade dos anticcocidianos mudarem de categoria, passando a ser rotulados como produtos veterinários. “É difícil prever mas provavelmente é isso que vai acontecer”, afirma o diretor da Phibro. “Os anticoccidianos seriam utilizados da mesma forma como vêm sendo utilizados hoje, apenas ocorreria uma mudança burocrática. Em vez, invés de ser denominado aditivo alimentar passaria a ser chamado de produto veterinário, porém sua utilização seria a mesma”.