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Mercado europeu vai exigir rastreabilidade em aves

Frigoríficos, como Chapecó e Seara, já se adiantaram na implantação do programa de identificação dos animais.

Redação AI 08/08/2002 – Frigoríficos, como Chapecó e Seara, já se adiantaram na implantação do programa de identificação dos animais. Depois da rastreabilidade nos bovinos, obrigatória desde julho para a entrada da carne na União Européia, a identificação de aves é a mais nova exigência para as empresas que exportam frango para o continente. Alguns frigoríficos brasileiros, adiantados, já estão se ajustando ao processo. “A rastreabilidade na avicultura é fato consumado na UE e as indústrias que têm negócio com a região terão de se ajustar”, diz Pat Mulvehill, diretor geral da Associação dos Abatedouros Avícolas da Irlanda.

“A exigência deve entrar em vigor até 2005”, diz Irenilza de Alencar Naas, professora titular da faculdade de engenharia agrícola da Unicamp e diretora da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia (FACTA).

Discussões avançadas

As discussões sobre a identificação das origens e do processo de produção de aves na Europa tiveram início depois dos problemas relacionados com alimentos provocados pela Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença da “vaca louca”), iniciados em 1996.

No ano passado, as indústrias brasileiras embarcaram 1,2 milhão de toneladas de frango, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Frango (Abef).

“A iniciativa de rastrear as aves partiu das maiores redes de supermercados européias, por meio de códigos que deveriam ser seguidos pelos fornecedores. Em seguida as próprias indústrias criaram programas de segurança e qualidade”, afirma Mulvehill. Segundo ele, a rastreabilidade avícola atualmente é utilizada pelos 15 países-membros do bloco. “Todas as saídas de produtos avícolas para o varejo são rastreadas para se rotular a carne, a partir do país de origem.”

Implantação

A Chapecó , controlada pelo grupo argentino Macri, pretende concluir até o final do ano a implantação do processo de rastreabilidade, iniciado em 2000. A empresa destinou R$ 1,5 milhão para investimento no desenvolvimento de sistemas. “A estratégia da diretoria foi se antecipar às tendências internacionais”, afirma Sílvia Valdez, gerente de qualidade e meio ambiente.

Sílvia lembra que os clientes do mercado europeu ainda não exigem que as aves sejam rastreadas, mas que a partir de julho de 2000 começaram a fazer uma sondagem para ver quais empresas já utilizavam algum tipo de identificação. “Hoje o Ministério da Agricultura ainda não obriga que as aves sejam identificadas e são feitos apenas acordos voluntários entre fornecedor e cliente. No entanto, acredito que em menos de um ano a Europa irá pressionar o ministério e passar a exigir isso do Brasil”, diz.

Em 1993, a Seara Alimentos, iniciou a implantação do seu módulo de rastreabilidade do campo à mesa em uma de suas unidades, que hoje já está implantada em todas. De acordo com Clever Pirola Ávila, diretor de negócios de aves da Seara, a empresa investe o equivalente a 0,2% do que fatura para o desenvolvimento do sistema. No ano passado o faturamento da Seara foi de R$ 393,8 milhões.

“Os clientes reconhecem o valor do produto com rastreabilidade por identificar sua origem e disponibilizar a qualquer momento e lugar níveis de garantias”, afirma Ávila. Segundo ele, mesmo com os custos da operação não existe um diferencial no preço do produto final, já que o sistema é fator implícito de requisito do consumidor.

Pesquisas

De acordo com Irenilza, da Unicamp e diretora da Facta, única a realizar pesquisas na área no Brasil, “o País é pioneiro na rastreabilidade de aves e suínos.” A pesquisadora defende que a identificação das aves seja feita por lotes e não por indivíduo, como é feito para os bovinos, apesar de existir tecnologia para isso.

“O ciclo de vida das aves é muito curto e é economicamente inviável rastrear cada indivíduo”, afirma. Segundo ela, no início de 2003 ficará pronto um estudo que identificará quantas aves precisam ser analisadas para que essas representem todo um lote. Tanto Seara quanto Chapecó rastreiam suas aves por meio de lotes.

As pesquisas nessa área tiveram início há cinco anos. Nos últimos dois anos, foi aplicado R$ 1 milhão somente em pesquisas.