Redação SI 28/08/2002 – Segundo os pesquisadores envolvidos nos trabalhos do Grupo de Xenotransplantação da Harvard Medical School, o principal problema no transplante de órgãos de porcos para humanos são os açúcares presentes na superfície dos órgãos.
O corpo humano reconhece de imediato esses açúcares como estranhos e tenta destruí-los. Os quatro suínos foram criados precisamente sem o gene responsável pela enzima que produz esses açúcares. Com a enzima ausente, os maiores problemas de rejeição parecem, assim, estar parcialmente resolvidos.
Chegados a este ponto crucial da investigação, resta agora resolver uma grande pergunta: para quando os ensaios nos humanos? Na opinião do investigador Anthony J. F. D`Apice, do St. Vincent`s Hospital, em Fitzriy, Austrália, e presidente da Associação Internacional da Xenotransplantação, esse momento chegará quando os porcos clonados de ambos os sexos viverem o suficiente para serem viáveis e a sobrevivência dos animais transplantados ultrapasse a barreira das 6 a 12 semanas. Nessa altura, “já se justifica realizar ensaios humanos”.
Os cientistas acreditam que os primeiros ensaios clínicos sejam realizados em pessoas com diabetes. Os rins e o coração serão provavelmente os primeiros órgãos a transferir, desde que haja evidências de que funcionarão bem no ambiente do corpo humano.
No que diz respeito ao fígado, os testes poderão demorar mais, dado o papel deste órgão na produção de centenas de proteínas, possivelmente diferentes entre o porco e o homem. Mas as portas já foram abertas.