Da Redação 17/09/2002 – O frigorífico Chapecó, controlado pelo grupo argentino Macri, está enfrentando problemas com os criadores de suíno e frango. Os suinocultores reclamam de atraso no pagamento de animais, enquanto os avicultores falam de falta de pontualidade na entrega da ração. A empresa alega que os problemas são causados pela redução do crédito para exportação. A crise faz os criadores lembrar dos problemas vividos pela Chapecó em 1999.
A companhia possui quatro plantas de abate no Brasil. As unidades de Chapecó (SC) e Santa Rosa (RS) abatem suínos; Cascavel (PR) e Xaxim (SC) trabalham com frango. Segundo Vitor Daniel de Conti, presidente da Associação dos Suinocultores de Santa Rosa, o pagamento está com 90 dias de atraso. Normalmente, a empresa pagava 14 dias após a entrega. “Em maio, fizemos uma reunião e durante duas semanas a situação pareceu estar resolvida, mas depois voltou a atrasar “.
A situação se repete em Chapecó. De acordo com um produtor da região que trabalha há 11 anos com a companhia, os atrasos começaram em novembro de 2002. “É a segunda vez que isso acontece. A primeira foi antes do negócio com o Macri”.
A Chapecó admite atraso, mas diz que não supera 45 dias no pagamento aos suinocultores. Segundo Celso Schmidtz, diretor de relação com investidores da empresa, a razão dos problemas é a falta de crédito para financiar exportações já realizadas. “Temos os (papéis) cambiais na mão, mas não conseguimos pagar os produtores”, afirma.
De acordo com o executivo, a empresa possui US$ 10 milhões em produtos já embarcados a partir de agosto, mas não obtém o crédito para antecipar os recursos.
Com a crise e a instabilidade cambial, o crédito de exportação foi reduzido para as empresas brasileiras. Para a Chapecó, o fato de ter um controlador argentino dificulta mais a obtenção de recursos.
Com os avicultores, os prazos de pagamento estão rigorosamente em dia, mas há atraso na entrega de ração. Segundo Jaime Cericatto, presidente da Associação Regional dos Avicultores do Oeste e Sudoeste do Paraná (Avios), “a ração é entregue um dia e falta nos próximos dois”. Para os mil avicultores integrados da Chapecó em Xaxim , chega a faltar ração por 3 dias, segundo o presidente do Sindicato Patronal dos Criadores de Aves de Santa Catarina (Sincravesc), Valdemar Kovaleski. “O frango está perdendo peso, o que reduz a lucratividade do criador”, afirma.
A Chapecó diz que não existe esse atraso. “Tivemos um problema operacional no fim de julho, que foi solucionado”, diz Schmidtz.
Para pagar os criadores, a Chapecó também está negociando acesso a uma linha de financiamento do BNDES de R$ 8 milhões. Mas o impasse está na negociação com os bancos privados, que irão assumir o risco do negócio. “Iremos resolver a situação assim que o crédito reaparecer”, diz Schmidtz.
Outra solução para a Chapecó pode ser encontrar um sócio estratégico. Segundo fonte ligada aos acionistas, a empresa está à venda e a expectativa é que se possa concluir o negócio até o fim do ano. Entre as pretendentes estariam analisando a compra Tyson, Conagra e Smithfield. (Colaborou Alda do Amaral Rocha, de São Paulo)