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Lucratividade da soja

Com custo menor, a oleaginosa deve ampliar margem nesta safra. Produtores esperam lucro maior que ciclo anterior.

Lucratividade da soja

Ainda que com uma taxa de câmbio considerada pouco atrativa para os exportadores e sob um cenário que projeta queda nos preços da soja nos próximos meses, os produtores brasileiros iniciarão o plantio da oleaginosa na safra 2009/10, em setembro, com perspectivas de margens mais positivas que as registradas para o ciclo anterior. O recuo dos custos de produção nos últimos 12 meses é o principal fator para esse novo quadro.

Em Mato Grosso, maior produtor do grão no País, o plantio deverá ser feito com um custo médio de R$ 27 por saca de 60 quilos, segundo a consultoria Céleres. Na safra 2008/09, também em Mato Grosso, o plantio teve custo médio de R$ 30. A margem média no Estado na temporada passada foi de 20%. “Neste momento, existe a perspectiva de que possa ficar entre 21% e 24%”, segundo Leonardo Menezes, analista da Céleres.

Em um exercício de projeção de cenários, a Céleres calculou que, para que a margem dos produtores seja positiva, e para uma taxa de câmbio acima de R$ 1,80 por dólar – que é o patamar atual -, a soja precisaria ser negociada na bolsa de Chicago por valores acima de US$ 9,75 por bushel em março, quando a safra brasileira começa a ser escoada. Essa conta levou em consideração, entre outras premissas, a de que a produtividade em Rondonópolis (MT), base para os cálculos, seja de 52 sacas por hectare, o custo de produção seja de R$ 27,50 por saca e o custo do frete para Paranaguá seja de R$ 180 por tonelada.

Ainda não é possível fazer uma previsão mais assertiva, mas um cenário de margens mais elevadas já é um grande alento para para os produtores do grão, que veem se montar um quadro de preços mais baixos que os atuais e de câmbio tido como pouco atrativo para as exportações. Salutar para a balança comercial brasileira: a soja é o principal produto do País no comércio internacional.

Na bolsa de Chicago, referência internacional para a formação de preços agrícolas, os contratos com vencimento em novembro fecharam ontem em baixa de 2,50 centavos de dólar, a US$ 9,9650 por bushel, medida que equivale a 27,2 quilos. Os papéis de prazo mais dilatado, contudo, estão abaixo desse nível – os contratos para maio de 2010 estão pouco acima de US$ 9,80 por bushel -, o que mostra uma tendência, ao menos neste momento, de queda das cotações.

A cotação do dólar no mercado futuro tem recuado nos últimos meses (ver quadro acima), mas também apontam números mais atrativos para os exportadores nos próximos meses. Os contratos da moeda americana para setembro saíram ontem por R$ 1,8595, mas os para julho de 2010 encerraram negociados por R$ 1,9610.

A perspectiva de boa margem para os produtores, apesar do cenário que, neste momento, não é considerado exatamente amistoso para seus negócios, é um bom cartão de visitas para o início da temporada 2009/10. Os analistas ressalvam, contudo, que o quadro sempre pode mudar.

Renato Sayeg, da Tetras Corretora, diz que ainda há dúvidas sobre o real desempenho da safra americana, cuja colheita está prestes a iniciar. “Certamente será uma safra recorde, mas não se sabe ainda de quanto”, afirma ele. Em agosto, o Departamento de Agricultura americano (USDA) apresentou a projeção de produção de 87,07 milhões de toneladas de soja no País na safra 2009/10, acima das 80,54 milhões de toneladas do ciclo anterior.

Crucial também, mais uma vez, será o quadro climático na América do Sul. “Nos últimos cinco anos, tivemos problemas de clima em quatro. No momento, há possibilidade de o Brasil produzir até 64 milhões de toneladas de soja [volume que seria recorde], mas isso vai depender do clima”, afirma Sayeg.