A Brasil Foods, empresa resultante da fusão das gigantes Sadia e Perdigão, começa a ser introduzida ao Oriente Médio, principal mercado do frango brasileiro no exterior. Ela é uma das expositoras presentes no pavilhão do Brasil na Saudi Agro-Food, feira do ramo alimentício que ocorre em Riad, na Arábia Saudita.
De acordo com o gerente da Sadia na Arábia Saudita, Shaikh Nasser, a introdução da nova companhia no mercado local requer cuidado, pois os sauditas se acostumaram a ver as duas marcas como concorrentes nos últimos 35 anos. O estande tem o logotipo da BR Foods, mas estão expostos apenas produtos “Perdix”, nome utilizado pela Perdigão no mundo árabe. Da Sadia, apenas folders.
“No futuro vamos colocar as duas marcas juntas, mas no momento não queremos ‘perturbar’ o mercado”, afirmou Nasser nesta segunda-feira (02). Mas a presença do gerente da Sadia – conhecido dos empresários locais – num estande com produtos da principal concorrente, por si só já provoca curiosidade nos clientes, que param para fazer perguntas. Nasser fala sobre a fusão e diz que ela reúne o melhor das duas empresas.
Esta é a primeira vez que o Brasil participa da feira com um estande de grande porte. Para Nasser, isso é bom para a imagem do país, pois causa impacto nos visitantes. Ele foi procurado até pelas concorrentes locais. Segundo o gerente, 50% do mercado de carne de frango da Arábia Saudita é dominado por empresas do Brasil, enquanto que a outra metade está nas mãos de companhias do próprio país árabe.
“[Os consumidores sauditas] conhecem o frango brasileiro, sabem da sua qualidade e aceitam pagar 1 rial (moeda local, equivalente a cerca de R$ 0,50) a mais por isso”, afirmou. Para Nasser, indiano que mora na Arábia Saudita há 15 anos, essa é a melhor edição da feira até hoje.
Entusiasmados também estavam José Dantas e Luis Fernando Martinez, respectivamente presidente e diretor de exportação da Milly, indústria paulista de suprimentos alimentares para atletas, alimentos hospitalares, achocolatados e chás. “O sucesso está sendo grande, não esperávamos algo tão repentino”, disse Dantas, referindo-se ao grande volume de visitantes que a empresa recebeu nos dois primeiros dias da mostra, que começou domingo e vai até quarta-feira.
A companhia, que fez contatos com importadores árabes na Nova Equipotel, feira de produtos para hotelaria realizada recentemente em São Paulo, está prestes a fechar um contrato com um importador de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em Riad, ela fez contatos com empresários de peso e recebeu até proposta de formação de uma joint-venture na Arábia Saudita.
A Saudi Agro-Food está servindo também para reforçar relacionamentos que as empresas já têm no país. Segundo, Guilherme Giffoni, responsável pelas exportações ao Oriente Médio do laticínio Itambé, o contato direto é importante. “Isso agiliza os contatos, encurta muito [as negociações]”, declarou.
Para algumas empresas, porém, o volume de visitas tem sido menor. É o caso da Boavistense e da Riclan, de balas, chicletes e pirulitos. “O foco [da feira] é um pouco diferente do nosso setor, mas vieram algumas pessoas que, de repente, podem se interessar”, disse Willian Suyama, da Boavistense. “Para o nosso setor está um pouco fraco, mas nunca se sabe, um contato pode ser suficiente para salvar a feira”, afirmou Olavo Queiroz, da Riclan.
Ambas as companhias já exportam para o mundo árabe, onde é alto o consumo de doces. O foco maior da Saudi Agro-Food, porém, é o agronegócio.