Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Transgênicos

OGM mais caro

Indústria eleva preço da tecnologia transgênica. Produtor está pagando mais pelas sementes geneticamente modificadas.

OGM mais caro

Num ano de queda nos custos da produção de grãos, os agricultores brasileiros estão pagando mais pelas sementes geneticamente modificadas. Especialistas e representantes das próprias indústrias, consultados pela Expedição Safra RPC, relataram que o valor do saco de semente geneticamente modificada (GM) não é definido simplesmente pelos custos das pesquisas e da produção do grão especial. Os detentores das novas tecnologias aferem o ganho adicional e ficam com perto da metade do benefício precificado. Ou seja, a cada real extra que o agricultor pode ganhar pela adoção de certa tecnologia, gasta aproximadamente 50 centavos a mais com os insumos. Ou seja, com o lançamento de sementes mais adaptadas a cada região, a tendência é de alta nos preços.

A Monsanto elevou o valor dos royalties pagos pela tecnologia Roundup Ready (resistência ao glifosato) de R$ 0,35 para a média de R$ 0,44 por quilo de semente de soja (o índice passará a R$ 0,45 em 20 de janeiro). Essa é a única tecnologia transgênica de soja disponível à agricultura comercial no Brasil. Quem usa a semente sem pagar royalties, acaba tendo de repassar 2% do valor da produção, se confessar o uso, e 3%, se for flagrado. A alta dos royalties, aponta a Monsanto, foi menos expressiva que a queda observada em insumos como o glifosato. A cada tonelada de semente vendida, a empresa ampliou a arrecadação em R$ 9 mil.

No caso do milho Bt (tolerante a insetos), o custo da tecnologia é embutido no preço da semente. O produtor Modesto Daga, de Cascavel (Oeste), diz que a saca de semente de milho GM, suficiente para um hectare, custou cerca de R$ 100 a mais que a de convencional. Ele espera que o investimento valha a pena e permita a redução de quatro para uma aplicação de inseticida. No Centro-Norte brasileiro, a 2 mil quilômetros do Paraná, os relatos seguem a mesma linha. A diferença é de R$ 280 para R$ 380 entre a saca de semente convencional e a transgênica.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o custo operacional da soja transgênica e o da convencional variam conforme o clima e da altitude. No Paraná, a convencional é mais cara. Em Londrina, a diferença é de R$ 1,41 mil para R$ 1,62 mil por hectare (15%). Já em Primavera do Leste (MT), a relação se inverte. A soja GM custa R$ 1,67 mil enquanto a convencional sai a R$ 1,49 mil por hectare (-10%). Semente tem custo igual ao da soja comercial no Oeste de Santa Catarina, que atende Paraná e Mato Grosso do Sul, contam os produtores.

No milho, a Conab ainda não calcula custos diferenciados. A cooperativa Coopagrícola, de Ponta Grossa, calcula custo de Bt praticamente igual ao de convencional (-3%, por enquanto). No ano passado, lavouras transgênicas exigiram até duas aplicações de inseticidas, o que indica que os índices atuais podem mudar.

Os royalties representam cerca de 2% do custo operacional. “A revisão dos valores foi discutida com a cadeia produtiva – abordada, não negociada. Sequer atingimos o valor de cinco anos atrás (R$ 0,50 por quilo de semente)”, disse André Franco, diretor de Marketing para Sementes e Biotecnologia da Monsanto. As empresas avaliam os preços pelas vantagens que a tecnologia traz, confirma o diretor de Marketing da Syngenta Seeds. “No caso do milho, o custo da semente geneticamente modificada depende de cada variedade, mas o adicional não extrapola os benefícios.” A DuPont/Pioneer , que também tem milho GM no mercado, não se manifestou sobre a questão.

“As entidades que representam o setor produtivo estão tentando evitar aumento de preços. Mas fica difícil determinar um preço num quadro com poucas opções ao produtor”, disse o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski.

O porta-voz da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, afirma que as discussões se estendem à cobrança de royalties sobre as sementes de soja que o produtor guarda de um ano para o outro e sobre lotes de grãos contaminados, mas ainda sem resultados práticos.

Nesta safra, o produtor brasileiro conta a soja RR e três milhos Bt: o MON 810, da Monsanto, o Bt 11, da Syngenta, e o Herculex, da DuPont/Pioneer.