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Desdobramento da crise vista pela Abag

A crise financeira consolidou a crise de confiança, que impacta o crédito, gerando a sentida crise econômica.

Redação (26/03/2009) – Luiz Lourenço, da Cocamar do Paraná, Homero Pereira, deputado atuante da Confederação Nacional de Agricultura e o diretor do Banco do Brasil, Luis Carlos Guedes Pinto, examinaram na manhã de ontem, o cenário mundial e nacional que impactaram e envolvem o sucesso da atual e próxima safra agropecuária brasileira. O seminário da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) realizado em São Paulo, contou com expressões do closter da agropecuária brasileira.

Luiz Lourenço falou de realidades regionais e que impactam frigoríficos, produção de milho, e a mudança do perfil da safra de inverno diante dos preços do trigo. Homero Pereira fez uma abordagem focada na crise. Objetivamente encaminhou uma proposta de comunicar a sociedade brasileira a eficácia e a competência do produtor rural, visando ajustar a verdadeira imagem de trabalho e competência que deveriam prevalecer na visão da sociedade urbana. A crise financeira consolidou a crise de confiança, que impacta o crédito, gerando a sentida crise econômica que pode se estender por período indefinido, determinando a crise institucional do agronegócio brasileiro. Identificou uma situação singular: o governo prioriza a agricultura familiar, os grandes agricultores se resolvem como empresa e o agricultor de porte médio se encontra sem alternativas de recursos para a próxima safra. O deputado sugere que em dois anos, os agricultores com este perfil se estabeleçam como pessoa jurídica, em torno de associação de agricultores ou pequenas cooperativas, considerando a possibilidade de Refis Rural.

Historicamente o agricultor foi desafiado a produzir a partir das margens de rios e lagos para combater endemias, e hoje, a necessidade ambiental exige dele absolutamente o contrário ameaçando através da legislação na redução de área de plantio. Estas e outras realidades como a competência, a produtividade, a responsabilidade social sugere que sejam levadas a sociedade em geral. Entende que a safra próxima vai encontrar preços firmes e fertilizantes mais competitivo.

Luiz Carlos Guedes fez uma apresentação sólida de dados a partir da crise mundial, considerando a alavancagem histórica dos bancos americanos, imprudência, falta de transparência e queda dos ativos reais. Percebe o Brasil com relativo otimismo, pois bancos locais tem situação sólida, o Brasil não tem dependência excessiva de qualquer ordem dos Estados Unidos, e se espera a manutenção do grau de investimentos. São 177 os países que adquirem nossos produtos de exportação. O governo brasileiro já vem implementando medidas como redução do compulsório, intervenção firme no mercado de câmbio e nos ACC, prevalecendo o Banco Central autônomo.

Guedes entende que a solução da crise atual passa por restabelecer a confiança e uma agenda positiva, uma vez que o grande fluxo de capital injetado neste seguimento pela comunidade mundial estancou em 2007 após ter estimulado o empresário rural a tomada de capital com base em dólar sobrevalorizado e juros baixos. A inversão do cenário deixa muitas empresas em situação de elevada dificuldade. Este elevado grau de endividamento, a pressão do reforço das margens de hedge, bancos reduzindo os empréstimos e traders recuando nas compras antecipadas exigem do governo atitudes que estão encaminhadas com o possível aumento de disponibilidade de crédito rural em até 25% para a próxima safra.

Na ocasião, Guedes lembrou que o crédito rural em valores é hoje a metade do que foi a duas décadas. Entende que se deva produzir uma agenda positiva que passe por seguro de crédito, seguro agrícola e garantia de preços. Esta é a pauta que está sendo produzida pelos ministérios da Agricultura, Fazenda e Confederação Nacional da Agricultura. Esta agenda precisa ser integrada com fornecedores e processadores visando alterar uma legislação inadequada redigida a 44 anos.

O Novo Plano Safra que se define em maio, pretende disponibilizar algo entre R$ 93 e R$ 100 bilhões, com crescimento expressivo sobre os R$ 78 bilhões da safra anterior. Será um belo esforço de ajustes diante da redução dos depósitos a vista. Um processo de garimpagem, se lembrarmos que em grandes números os custeios se dão em média 1/3 com recursos de traders. 1/3 com recursos do crédito rural e bancos e 1/3 com capital próprio. Se espera que os preços estejam em patamares compensadores para que os recursos próprios seja a variável indiscutível. E a safra atual se encaminha para assegurar esta premissa.