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Em busca de mercado

Para exportar suíno à Europa, SC quer sair do Circuito Pecuário Sul.

Da Redação 25/11/2004 –  Para poder exportar carne suína para a União Européia – e também ao Japão – Santa Catarina quer se tornar independente do Circuito Pecuário Sul, do qual hoje faz parte. O argumento do governo do Estado e das indústrias exportadoras locais é que Santa Catarina é reconhecida, pelo Ministério da Agricultura, como área livre de aftosa sem vacinação, diferentemente do Rio Grande do Sul e Paraná, que são áreas livres com vacinação. Agora, Santa Catarina quer o reconhecimento, como área livre sem vacinação, pela Organização Internacional de Epizootias (OIE).

Num primeiro passo para tentar esse reconhecimento, indústrias como Sadia, Perdigão, Seara e Aurora planejam contratar o Instituto Zooprofilático G. Caporale, da Itália, para fazer um trabalho de certificação internacional do plantel de suínos de SC. O projeto – estimado em R$ 2 milhões – é de médio prazo e consiste em trabalhos de aperfeiçoamento das condições existentes no plantel catarinense.

Com o trabalho da consultoria, as indústrias acreditam que será mais fácil obter o reconhecimento internacional como área livre sem vacinação. “Com os trabalhos da consultoria, vamos provar que não temos aftosa, não precisamos de vacina regularmente e que teremos um sistema eficiente para o caso de alguma doença”, explica o diretor institucional e jurídico da Sadia, Felipe Luz. O Instituto Caporale é um órgão do governo italiano. A previsão é de que consultores cheguem ao Estado até o fim do ano ou no início de 2005.

Além dos consultores, Santa Catarina também terá a visita do presidente da OIE e diretor de serviços veterinários da Itália, Romano Marabelli. Ele chega dia 4 de dezembro para uma visita de oito dias ao Brasil e tem reunião agendada com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira e representantes da indústria.

Segundo Luz, o instituto é uma opção porque a Itália é um dos países mais interessados na compra da carne suína brasileira.

Hamilton Farias, ex-diretor de Defesa Animal no Ministério da Agricultura, ex-representante do Brasil na OIE e atual assessor do secretário da agricultura catarinense, diz que o Estado pretende se adequar às exigências européias tanto no abate quanto na criação para poder exportar ao bloco.

Conforme Farias, Santa Catarina defende junto ao Ministério da Agricultura que as negociações com os europeus possam ser feitas de forma independente dos outros Estados. “Não queremos criar uma república independente, mas queremos dar o primeiro passo para que outros estados possam dar depois”, explica. A expectativa é de que o Ministério decida sobre o assunto até o fim deste ano.

Maçao Tadano, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, informa que Santa Catarina solicitou que técnicos do ministério visitassem o Estado e elaborassem um relatório sobre as questões sanitárias. “Mas não se pode criar expectativas de providências que ainda estão em processo”, afirma. Tadano terá reunião com os governadores do Sul, em dezembro ou janeiro, para discutir a febre aftosa.

Santa Catarina avalia ter condições de acessar o mercado europeu – reduzindo a dependência da Rússia – por ter melhores condições sanitárias que outros Estados. Desde 1993, não há registro de aftosa no Estado e desde 2000 não há vacinação. “No plano externo, estamos ainda atrelados ao Circuito Pecuário Sul. A consultoria vai realizar um trabalho que vai nos desatrelar e vai estabelecer um programa que no médio prazo vamos alcançar as condições que a Europa exige”, diz Farias.

A União Européia importa cerca de US$ 4 bilhões/ano em carne suína. Mas outro alvo dos catarinenses é o Japão. “O Japão é um outro mercado que pode ser conquistado com uma certificação da OIE, já que os japoneses praticamente só compram de onde a UE também compra”, observa Luz.