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Obama diz que quer trabalhar com Brasil por energia limpa

O candidato a presidência dos EUA já declarou várias vezes que é contra a redução da tarifa de importação do etanol brasileiro.

Redação (12/06/2008)- O senador Barack Obama, candidato democrata à Casa Branca, deu importantes pistas de como seria a relação de seu governo com a América Latina. Em entrevista publicada ontem pelo jornal chileno El Mercurio, sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Obama afirmou que gostaria de se unir ao Brasil na busca de energias alternativas. “Quero unir-me a países como o Brasil para buscar formas mais limpas de energia”, disse o democrata, sem entrar em detalhes sobre como seria essa cooperação. Obama já declarou várias vezes que é contra a redução da tarifa de importação do etanol brasileiro.

Analistas dizem que a posição do senador dificilmente mudará em razão de dois de seus redutos eleitorais, os Estados de Illinois e Iowa, liderarem a produção de milho, matéria-prima do etanol americano.

“Aqueles que defendem a substituição da produção americana de biocombustíveis pelas exportações de álcool do Brasil podem até estar com boas intenções, mas não entendem o desafio que temos para obter uma segurança energética de longo prazo”, disse o democrata em março. “Não adianta nos livrarmos da dependência do petróleo para nos tornarmos dependentes do etanol.”

Na entrevista a El Mercurio, Obama afirmou que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é uma “ameaça administrável” para a segurança dos EUA. “Sabemos, por exemplo, que ele pode estar apoiando as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), prejudicando um vizinho. Devemos usar a OEA e a ONU para aprovar sanções que mostrem que esse comportamento é inaceitável”, declarou. “Mas, como já disse antes, devemos ter uma diplomacia direta com a Venezuela, assim como com todos os países do mundo.” Como exemplo dessa disposição ao diálogo, ele citou o caso cubano. “Eu daria início a negociações com Cuba e cancelaria as restrições de viagem aos que possuem parentes na ilha.”

Em Caracas, Chávez disse ontem estar “disposto a conversar com respeito” com quem for eleito presidente dos EUA.

Obama, que nunca esteve na América Latina, disse que gostaria de visitar a região antes das eleições de novembro. Segundo ele, o México será uma prioridade em seu governo. O democrata defendeu uma reforma migratória e explicou que o maior interessado no desenvolvimento mexicano são os EUA. “Mais postos de trabalho no México significam menos imigrantes ilegais”, disse.

Ao contrário do rival republicano, o senador John McCain, Obama defende uma reforma do Nafta, o tratado de livre comércio (TLC) dos EUA com Canadá e México. Com propostas mais protecionistas que as do adversário, o democrata declarou que se opõe também à assinatura de um TLC com a Colômbia. “Até que eu tenha certeza de que eles não estão matando seus líderes sindicais”, afirmou, em referência ao alto índice de assassinato de sindicalistas colombianos.

A briga entre democratas e republicanos para ver quem tem as melhores propostas sobre política externa ganhou ontem a participação do general aposentado Wesley Clark, um dos candidatos a vice na chapa de Obama. Segundo Clark, a tão alardeada experiência de McCain na área não existe. “Ele nunca foi responsável pela formulação de qualquer tipo de política e nunca liderou nada em tempos difíceis”, disse Clark. “A pior crise que ele teve de gerir foi dentro da cabine do avião que ele pilotava.”