A cúpula dos Brics terminou nesta terça-feira em Ekaterimburgo, na Rússia, com o pedido aos países ricos para apoiarem as nações em desenvolvimento na produção agrícola para combater a queda dos preços que ameaça a segurança alimentar mundial.
Os presidentes do Brasil, Lula, da Rússia, Dmitri Medvedev, da China, Hu Jintao, e o premiê indiano, Manmohan Singh, decidiram também que o segundo encontro do grupo acontecerá no Brasil, em 2010.
“O combate eficaz à crise alimentar deve ter um caráter complexo e incluir tanto medidas a curto, como a longo prazo, a realizar no quadro de uma coordenação internacional estreita”, aponta o texto final da cúpula.
Por outro lado, o documento afirma que a comunidade internacional necessita “elaborar e realizar consequentemente uma estratégia universal para resolver este problema global”.
Por isso, os Brics saúdam os resultados dos respectivos fóruns internacionais, incluindo a Conferência da FAO da ONU sobre questões da segurança alimentar mundial, em Roma.
Os dirigentes dos quatro países constataram que as oscilações de preços dos alimentos no mundo, agravadas pela crise financeira, ameaçam a segurança alimentar mundial.
“Semelhante desenvolvimento dos acontecimentos provoca o aumento do número de pessoas que passam fome e são subalimentadas, poderá neutralizar o progresso conseguido na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Uma resposta multilateral a esse desafio deve ser dada imediatamente através da tomada de medidas decididas da parte dos governos de todos os países e das respectivas estruturas internacionais”, indica o texto.
Ajuda
Segundo os Brics, “os países desenvolvidos devem prestar apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento no campo da produção de alimentos”.
“As tentativas de explicar o aumento dos preços dos alimentos com o crescimento do seu consumo nos países em desenvolvimento escondem as verdadeiras causas, que têm um caráter complicado e complexo”, destacaram.
A declaração indica também que, entre essas causas, estão “as mudanças climáticas globais e a crise econômica”, a redução do acesso aos mercados e o “comércio deturpado por subsídios” nos países desenvolvidos nos últimos 30 anos, e a conjuntura do mercado mundial, que não criou estímulos suficientes para aumentar a produção agrícola nos países em desenvolvimento e mais pobres.
Os Brics consideram igualmente “importante avaliar os desafios e possibilidades que são criadas pela produção e consumo de biocombustível, tendo em vista não só a segurança produtiva global, mas também a segurança energética e as necessidades do desenvolvimento sustentado”.
Doha
Os dirigentes do Brasil, Rússia, Índia e China consideram “indispensável” a aceleração das conversações de Doha no quadro da Organização Mundial do Comércio (OMC) para encontrar soluções de compromisso “com vista à redução radical de subsídios multimilionários no sector agrícola”.
Os principais objetivos dos diálogos, iniciados em 2001 em Doha (Catar), são a liberalização do comércio mundial, o reforço do crescimento econômico global e a prestação de ajuda a milhões de pessoas que vivem abaixo do nível da pobreza. A pedra de toque nessas conversações tornou-se, entre outros problemas, a questão da diminuição dos subsídios dos países desenvolvidos às suas agriculturas.
O termo Bric apareceu pela primeira vez num relatório da companhia financeira norte-americana Goldman Sachs em 2003 para definir as quatro economias do mundo com um crescimento mais dinâmico: Brasil, Rússia, Índia e China.