Engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Pedro Antônio Arraes Pereira foi eleito o novo diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Sua posse deverá ocorrer na próxima semana, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retornar do exterior, uma vez que ele faz questão de comparecer à solenidade.
O pesquisador de 56 anos atuava na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO) há 29 anos. Desde 2008, ele ocupava o cargo de chefe-geral da unidade. A escolha do pesquisador para o cargo atendeu aos requisitos de excelência acadêmica e sua experiência em gestão o qualifica para conduzir as atividades da empresa.
Nova Gestão – Para Arraes, o PAC Embrapa é o principal desafio a consolidar em sua gestão. Além disso, o pesquisador deve dedicar-se à agricultura sustentável no Brasil. “Hoje temos a palavra sustentabilidade que significa renda, compromisso social e ambiental”, disse. “A Embrapa tem que atuar em todas essas vertentes”. Acompanhe a íntegra da entrevista divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Mapa- O que é importante enfocar como diretor -presidente da Embrapa?
Arraes- A Embrapa é uma empresa plural e complexa e por isso é necessário ter uma gestão descentralizada e valorizar a competência, que existe dentro da própria empresa.
Mapa- Quais os desafios como diretor-presidente?
Arraes- São vários os desafios. A Embrapa tem uma demanda enorme e o PAC Embrapa é o principal desafio a consolidar. Para os profissionais que ingressaram agora, temos que explicar a cultura empresa e seus compromissos. Outra questão é consolidar a atuação internacional.
Mapa- Como definir a cultura Embrapa?
Arraes- É o compromisso com o desenvolvimento da ciência em prol dos nossos produtores e da nossa agricultura, sempre mantendo a competitividade.
Mapa- Qual a importância da Embrapa para a sociedade?
Arraes- Normalmente pesquisa não tem visibilidade, porque seus resultados são a longo prazo. A Embrapa é um caso à parte porque tem imagem muito positiva perante a sociedade. Saímos de “dentro da porteira” e atuamos na cadeia produtiva como um todo. É importante lembrar que as instituições estaduais de pesquisa são o braço local de atuação da empresa.
Mapa- Qual o principal foco das atuações internacionais da Embrapa?
Arraes- Temos dois pilares nesta atuação. O primeiro são os laboratórios virtuais, chamados Labex. Estados Unidos, Europa e Coreia ganham com nossa experiência em agricultura tropical e ficamos antenados com as linhas de pesquisa realizadas lá. Esses projetos colaborativos permitem à Embrapa ficar sintonizada em pesquisa estratégica. O segundo pilar é que a Embrapa é um instrumento de política externa e um exemplo disso é a tecnologia em agricultura tropical como a que já estamos desenvolvendo na África.
Mapa- A pesquisa transformou o agronegócio brasileiro?
Arraes- Há 20 anos, o componente produtividade prevalecia. Hoje temos a palavra sustentabilidade que significa renda, compromisso social e ambiental. A Embrapa tem que atuar em todas essas vertentes, que tornam as pesquisas cada vez mais complexas. Ao executar um projeto de pesquisa a Embrapa está sempre mantendo a sustentabilidade.
Currículo- Pedro Arraes é mestre e doutor em melhoramento e genética de plantas pela Universidade americana de Wisconsin e pós-doutor em genética molecular e marcadores em feijoeiro comum, pela Universidade da Califórnia (EUA). Ainda no segundo ano da graduação, recebeu bolsa de iniciação científica para trabalhar com fixação de nitrogênio.
Na Embrapa, foi pioneiro do programa de melhoramento genético, que resultou no lançamento de novas variedades de feijão. Uma delas é a cultivar pérola, um tipo de feijão carioca, que recebeu essa denominação numa referência ao desenho do grão que lembra a calçada de Copacabana.
Na década de 90, Pedro Arraes, assumiu, pela primeira vez, a chefia-geral da Embrapa Arroz e Feijão, quando estruturou o laboratório de marcadores moleculares da unidade, como suporte às áreas de pesquisa e geração de produtos, para atender as exigências do consumidor. Entre 2004 e 2007 o pesquisador coordenou o Labex, Laboratório da Embrapa em Washington.
Ao longo da carreira científica gerenciou vários comitês da empresa e participou de mais de 80 reuniões científicas nacionais e internacionais. É orientador de teses acadêmicas. Esteve em missões oficiais do governo brasileiro ao exterior, além de reuniões da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Banco Mundial e Banco Interamericano, na capital norte-americana.