O setor da suinocultura vive um momento delicado. Um cenário de crise em Toledo, como em outros municípios do Paraná e em até outros estados.
Neste momento, o principal motivo é o custo elevado da produção da carne suína. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), mostram que o preço médio nominal do milho recebido pelo produtor no Paraná, em 2019, era de R$ 29,74; em maio de 2021 saltou para R$ 91,38. Isso representa um aumento de 207,26%.
Já o preço médio recebido pelo produtor de suíno, em 2019, estava em R$ 3,99 e em maio do ano passado chegou a R$ 6,44, um aumento de 61,40%. Com isso, a diferença fica em 144,86% e a tendência é de que este cenário não mude no curto prazo.
Para auxiliar aos produtores que enfrentam essa crise, os membros do Conselho do Desenvolvimento do Agronegócio, em Toledo, promovem reuniões e dialogam sobre o assunto. Um novo encontro aconteceu, nesta semana, no Sindicato Rural de Toledo.
O evento reuniu representantes do governo municipal, da Câmara de Vereadores, da Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste), da Associação Paranaense de Suinocultura (APS), de indústrias e do setor produtivo. Produtores independentes também participaram da reunião, pois eles são os mais afetados, já que as empresas romperam os contratos de entrega de suínos de forma unilateral.
Avaliação
Durante o encontro, o presidente do Conselho, João Luís Nogueira, observou que as empresas buscam adequar os seus planteis para a atual demanda. Por isso, houve a diminuição de aproximadamente 10%.
Outras empresas também adotam a estratégia de reduzir o tempo de alojamento do suíno até o abate. A expectativa é melhorar a eficiência da conversão alimentar. “Reduzir o custo com a alimentação é uma solução, porque essa conta é a que mais pesa ao produtor”.
Nogueira explica que os grãos (milho e soja) apresentaram um crescimento em seus valores. Ao comparar com o preço recebido pelo produtor e o valor do atacado, houve uma elevação maior do custo do alimento. “Na medida que a empresa consegue diminuir parte do rebanho e o tempo de alojamento, reduz o consumo de alimento e, por consequência, a possibilidade de contornar uma situação”, destaca o presidente do Conselho.
Nogueira enfatiza que existe a expectativa que o mercado possa se adequar a demanda e com o tempo provocar o ajustamento com a oferta e melhorar a liquidez do produto, principalmente, no mercado interno. “As exportações apresentam sinais ruins. Elas diminuíram em maio, se for comparar com o mês de abril”.
Encaminhamentos
De acordo com o presidente do Conselho, em consenso, os participantes da reunião defenderam a necessidade de promover um trabalho de marketing – a médio prazo – envolvendo setor público e produção. “O objetivo é fazer com que a carne suína consiga melhorar a eficiência no mercado interno”.
Nogueira esclarece que houve uma melhora no consumo – per capita – da carne suína. Atualmente está em 16 quilos e ele pondera que qualquer evolução no mercado interno é possível ter uma performance melhor no setor. “Vivemos um momento econômico difícil, com inflação e juros altos, os quais inibem investimentos. Por sua vez, a renda está em queda. Enfim, são fatores que dificultam a evolução do mercado interno”.
Diante deste cenário, os participantes acreditam na necessidade de realizar um trabalho de marketing em torno da carne suína. “Trata-se de uma excelente carne. Ela é a mais consumida no mundo e existe espaço para o consumo crescer internamente”, destaca Nogueira. Ele salienta que o trabalho será realizado por todas as instituições.
O presidente do Conselho ainda menciona a medida adotada pelo Governo do Estado em reduzir o ICMS para colocar a carne suína do Paraná em outros estados. “A carne suína terá mais competitividade e, por meio de uma logística mais adequada, poderá melhorar a liquidez do produtor e fazer com que a suinocultura dê um salto”, finaliza Nogueira.