Após a confirmação de um foco da doença de Newcastle em uma granja comercial em Anta Gorda, Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura e Pecuária revisou a certificação para exportações de carnes de aves e seus produtos para 44 países, resultando na suspensão temporária dos embarques, total ou parcial, dependendo do mercado. Esta medida visa atender às garantias e requisitos acordados nos Certificados Sanitários Internacionais (CSI) com cada país comprador.
Para países como China, Argentina, Peru e México, a suspensão vale para todo o Brasil, incluindo carnes de aves frescas e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima, preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue. Já do estado do Rio Grande do Sul, as restrições de exportação se aplicam a diversos outros países, incluindo África do Sul, Arábia Saudita, Chile, Egito, Índia, Japão, Paraguai, Ucrânia, entre outros.
A área circunscrita a um raio de 50 km do foco identificado enfrenta ainda mais restrições, não podendo exportar carnes de aves, farinha de aves, penas e peixes para uso na alimentação animal, e produtos cárneos cozidos, termicamente processados, para destinos como Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Paquistão, entre outros.
Impacto Econômico e Produtivo
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina. Nos primeiros seis meses do ano, o estado exportou 354 mil toneladas de carne de frango, gerando uma receita de US$ 630 milhões. As exportações do estado representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo país e 14,1% das 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no mesmo período.
Os principais destinos da carne de frango gaúcha no primeiro semestre foram os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, China e Japão.
Doença de Newcastle: Características e Controle
De acordo com a OMSA, a doença de Newcastle (DNC) é uma infecção aviária altamente contagiosa causada pelo vírus da doença de Newcastle, um sorotipo 1 do paramixovírus aviário (APMV-1). A doença é uma das mais importantes no contexto mundial, afetando negativamente o comércio e a produção avícola. Pode se espalhar rapidamente entre aves suscetíveis e apresenta alta mortalidade, especialmente em aves jovens.
Os sinais clínicos variam conforme a cepa do vírus e o sistema afetado, podendo incluir apatia, depressão, quedas na ingestão de ração e água, produção de ovos com cascas anormais, dificuldade respiratória, diarreia verde-amarelada, e sinais nervosos como tremores e incoordenação.
A disseminação ocorre através do contato direto com fluidos corporais de aves infectadas, principalmente fezes, ou indiretamente por meio de pessoas e objetos contaminados.
Medidas de Prevenção e Controle no Brasil
No Brasil, a Doença de Newcastle é uma doença de notificação obrigatória. As medidas de prevenção, controle e erradicação baseiam-se na legislação vigente, que inclui abate de aves infectadas e compensação dos proprietários. A Instrução Normativa 50/13 exige notificação imediata de qualquer suspeita ou confirmação laboratorial da doença.
O foco no Rio Grande do Sul é o mais recente desde 2006. As medidas incluem vigilância passiva e ativa, inspeção ante mortem, e restrições na movimentação de animais vivos. A vacinação é obrigatória para criadores comerciais e poedeiras, exceto para aves SPF, e vendida gratuitamente para outros proprietários.
A doença de Newcastle representa uma ameaça significativa à indústria avícola, exigindo medidas rigorosas de controle e prevenção para minimizar seu impacto econômico e produtivo. O recente foco no Rio Grande do Sul destaca a importância de um sistema robusto de vigilância sanitária e cooperação internacional para garantir a saúde animal e a segurança alimentar global.