A Medida Provisória (MP) 1.247/2024, que visa autorizar a concessão de descontos em parcelas de crédito rural para produtores afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, tem enfrentado críticas devido à ausência de uma programação orçamentária específica para cobrir os custos. Segundo uma nota técnica da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal, os recursos atualmente disponíveis são insuficientes para financiar os descontos prometidos, o que sugere a necessidade de um novo crédito extraordinário.
Desafios Orçamentários e Críticas
A nota técnica aponta que a MP apenas estabelece que os custos serão assumidos pela União “no limite das disponibilidades financeiras”, e que um ato futuro do Ministério da Fazenda definirá as condições para a concessão e o ressarcimento dos descontos. A falta de especificação sobre como os custos serão cobertos e a ausência de uma programação orçamentária concreta têm gerado preocupações no setor produtivo e entre parlamentares, que temem a insuficiência de recursos.
A nota revela que o crédito extraordinário já aberto para subvenção de operações de crédito rural está 76% comprometido, o que implica que o montante restante não é suficiente para cobrir os descontos estabelecidos pela MP. Até o momento, o governo liberou R$ 1,2 bilhão para subvenção de crédito rural, dos quais mais de R$ 911 milhões já foram empenhados e cerca de R$ 12,5 milhões pagos. Os recursos já comprometidos incluem R$ 732,1 milhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e R$ 147,7 milhões para investimento rural de médios produtores.
Expectativas Futuras
A nota técnica sugere que uma nova MP pode ser necessária para abrir um crédito adicional que cubra os descontos, embora os valores ainda não tenham sido divulgados. A falta de clareza sobre a programação orçamentária e as condições para o financiamento dos descontos geram incerteza quanto à capacidade do governo de atender plenamente à demanda dos produtores afetados.
Reação do Setor e Perspectivas
A ausência de detalhes específicos na MP 1.247/2024 gerou descontentamento entre os produtores e parlamentares ligados ao agronegócio gaúcho. A crítica principal é a falta de garantias sobre a disponibilidade de recursos para implementar a medida de forma eficaz, o que pode prejudicar a recuperação dos agricultores afetados pela calamidade.
A nota técnica do Senado sublinha a importância de aguardar o ato do Ministro da Fazenda para obter mais informações sobre as normas e condições para a concessão e ressarcimento dos descontos, e para verificar se a proposição está em conformidade com o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que exige a estimativa do impacto orçamentário e financeiro para proposições que criem ou alterem despesas obrigatórias.
A situação requer atenção contínua para garantir que os recursos necessários sejam disponibilizados e que os produtores rurais recebam o suporte prometido para enfrentar as dificuldades causadas pelas enchentes.