Jaú, trairão, pirarucu, bodó, cachara, tambaqui, matrinxã e tucunaré. Só de falar dá água na boca. Com 20% do volume de água doce do planeta, a bacia Amazônica tem a maior diversidade de peixes do mundo, abrangendo mais de 2.700 espécies. Mas a piscicultura amazônica, apesar de seu grande potencial econômico e baixo impacto ambiental, enfrenta sérios desafios que podem limitar seu crescimento nos próximos anos.
É o que mostra o relatório intitulado “Solução debaixo d’água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica” (PDF – 18 MB), de autoria do Instituto Escolhas, que traz um amplo panorama da atividade em 9 Estados da Amazônia Legal e destaca a falta de atenção governamental e os graves problemas estruturais do setor. De acordo com o estudo, a piscicultura de peixes nativos na Amazônia tem capacidade de criar uma renda significativa e é menos impactante ao meio ambiente do que a pecuária extensiva.
O setor, porém, recebe pouco apoio dos governos federal e estaduais, o que limita seu desenvolvimento e o impede de alcançar novos mercados e ganhar competitividade. O estudo mapeou 76.942 hectares de lâmina d’água e identificou 61.334 empreendimentos de piscicultura na região, número 39% superior ao registrado no Censo Agropecuário. “A ausência de dados atualizados do setor, que envolvam mais do que o volume de produção, foi um dos grandes desafios da pesquisa e já é um sinal da pouca atenção do poder público”, afirma Sergio Leitão, diretor-executivo do Instituto Escolhas.
Das 172 mil toneladas de peixe registradas atualmente, a piscicultura da Amazônia deverá alcançar 181 mil toneladas em 2034, segundo projeção do Escolhas, um crescimento de só 4,6%, considerado pífio frente ao potencial da atividade. Para comparação, o Estado do Paraná, o maior produtor de peixes do país, produziu 150 mil toneladas em 2022.
Fonte: Poder360