A Cargill, maior trading de produtos agrícolas do mundo, registrou uma queda de quase 10% em sua receita no último ano fiscal, encerrado em maio de 2023, refletindo um revés significativo após dois anos consecutivos de vendas recordes. A receita da empresa, que é de capital fechado e está sediada em Minneapolis, caiu para US$ 160 bilhões, comparado aos US$ 177 bilhões do período anterior, conforme divulgado em seu relatório anual na terça-feira, 13 de agosto.
Essa queda ocorre em um momento em que o CEO Brian Sikes está promovendo uma reestruturação das operações da empresa, após a Cargill não atingir as metas de lucro. Esta reestruturação marca a primeira grande mudança sob a liderança de Sikes, que assumiu o cargo em janeiro de 2023.
As abundantes colheitas globais reduziram os lucros das tradings de commodities agrícolas, impactando não apenas a Cargill, mas também suas principais concorrentes, como Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge Global. Estas empresas, que compõem os chamados “ABCDs” do trading global de commodities agrícolas, também relataram lucros menores recentemente.
A Cargill decidiu reduzir o número de unidades de negócios de cinco para três, como parte de sua estratégia para 2030. Essa decisão é uma resposta à pressão sobre as tradings de grãos devido à ampla oferta, que reverteu os ganhos inesperados dos anos anteriores, quando fatores como a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 elevaram os preços das commodities.
Além disso, as margens do processamento de soja em farelo e óleo, um dos principais motores de lucro da empresa, também sofreram uma queda significativa. A Cargill também foi impactada pelo menor rebanho bovino nos Estados Unidos em sete décadas, o que apertou ainda mais as margens da empresa. Durante a última década, a Cargill se transformou no terceiro maior processador de carne bovina dos EUA, uma estratégia que foi bem-sucedida sob a liderança do ex-CEO David MacLennan, mas que agora enfrenta desafios sob a administração de Sikes.