Este conteúdo faz parte da edição nº 883 da revista Avicultura Industrial, publicada em 1983, trazendo à tona uma análise aprofundada sobre a influenza aviária e suas implicações para a indústria avícola global.
A influenza aviária, causada por um vírus similar ao da doença de Newcastle, se destaca por suas diferenças em relação à virulência e ao comportamento sorológico. Ambos os vírus possuem a capacidade de replicar-se em altos níveis quando injetados em ovos embrionados de galinha e são capazes de aglutinar hemácias, permitindo o uso eficaz do teste de inibição da hemaglutinação (IH) para diagnósticos sorológicos.
A gravidade das infecções, no entanto, varia amplamente. Enquanto algumas linhagens dos vírus são brandas, outras podem causar uma mortalidade devastadora, chegando a atingir até 100% dos lotes infectados. As lesões provocadas pelas formas mais graves dos dois vírus são bastante semelhantes, tornando a distinção entre eles difícil, tanto nos casos de campo quanto em análises laboratoriais.
Um fator de preocupação é o papel das aves aquáticas migratórias, que podem abrigar e disseminar o vírus sem apresentar sintomas. Embora ainda existam lacunas no conhecimento sobre o impacto exato dessas aves na propagação da doença, o risco que representam para a avicultura comercial é inegável.
A grande diferença entre os vírus da influenza aviária e da doença de Newcastle reside na imunogenicidade. A imunidade conferida por uma linhagem do vírus de Newcastle geralmente oferece proteção contra outras linhagens do mesmo vírus, mas o mesmo não acontece com a influenza aviária. A variedade de subtipos de hemaglutinina (HA) no vírus da influenza impede que uma única vacina ofereça proteção abrangente. Para garantir uma cobertura completa, uma vacina eficaz teria que conter representantes dos 11 subtipos conhecidos, sendo que novos subtipos continuam surgindo.
Além disso, a imprevisibilidade da replicação do vírus da influenza em laboratório, comparada com sua manifestação no campo, é outro desafio. Em muitos casos, após a infecção experimental de aves suscetíveis, os sintomas não se manifestam da mesma maneira, embora haja o desenvolvimento de anticorpos, tornando difícil prever a virulência e o impacto do vírus.
A palestra do Dr. Charles W. Beard em 1981 destacou esses desafios, enfatizando a necessidade de mais pesquisas para esclarecer as muitas questões pendentes sobre a influenza aviária, incluindo seu comportamento no ambiente e sua interação com diferentes hospedeiros.
Este artigo é uma lembrança da importância das medidas de biossegurança e da vigilância contínua na indústria avícola para proteger o setor de surtos graves, especialmente em áreas de produção intensiva.