A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou ao Uruguai nesta quinta-feira (4) em busca de concluir o tão esperado acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Após 20 anos de negociações e atrasos, há sinais de que o entendimento pode ser finalmente anunciado durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu.
O acordo, que promete criar uma das maiores parcerias comerciais do mundo, enfrenta forte resistência dentro da Europa, especialmente da França. Paris considera o acordo “inaceitável”, alegando preocupações com a entrada de commodities sul-americanas, como carne bovina, que não estariam sujeitas aos mesmos padrões ambientais e de segurança alimentar da UE.
Von der Leyen, em um momento político delicado devido à crise no governo do presidente francês Emmanuel Macron, afirmou em uma rede social: “A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos cruzá-la”.
Detalhes e Impasses
O Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, espera que a parceria impulsione o comércio de carne e grãos, enquanto a UE busca diversificar suas relações comerciais em um cenário de tensões com a China e a Rússia. Além disso, o bloco europeu enxerga no Mercosul um parceiro estratégico no fornecimento de minerais essenciais, como o lítio, para a transição energética.
Fontes envolvidas na negociação indicaram que os últimos detalhes relacionados a questões ambientais e compras governamentais foram ajustados, possibilitando o anúncio oficial na sexta-feira. Entretanto, o acordo ainda depende de aprovação pelos países membros da UE e pelo Parlamento Europeu, o que pode prolongar a controvérsia.
Enquanto a França continua liderando a oposição ao acordo, países como Alemanha e Espanha defendem sua ratificação, destacando benefícios econômicos e geopolíticos. “No contexto atual, não podemos ficar na defensiva”, declarou Luis Planas, ministro da Agricultura da Espanha.
Perspectivas e Próximos Passos
O acordo, caso ratificado, representará o maior pacto comercial em termos de redução tarifária já firmado pela UE. Se concluído, poderá redefinir o cenário do comércio global e estreitar os laços entre a Europa e a América do Sul, apesar das tensões internas no bloco europeu.