A Brasil Biofuels (BBF) iniciou a operação comercial da primeira fase de sua usina híbrida de energia localizada em São João da Baliza, no Estado de Roraima. A usina tem capacidade instalada de 17,9 MW, dividida em duas unidades geradoras, contou com R$ 166 milhões em investimentos e é a primeira do país a combinar o biodiesel e a biomassa. Os insumos são obtidos a partir do processamento do óleo de palma.
A usina foi viabilizada no primeiro leilão de energia dos sistemas isolados, realizado pelo governo em 2019 para suprimento de energia de Boa Vista e do entorno da capital do Estado, o único que ainda não é interligado ao sistema elétrico brasileiro. Roraima ainda aguarda a construção de uma linha de transmissão que partirá de Manaus e que enfrenta impasses no licenciamento ambiental. “Conhecemos o potencial, por isso viabilizamos um projeto de geração de energia que fosse renovável e independente, com os recursos da própria região”, afirmou Milton Steagall, presidente da BBF.
Roraima contava com parte do fornecimento com importação da energia de uma hidrelétrica da Venezuela, complementando com a geração de termelétricas movidas a óleo diesel. Como a Venezuela havia suspendido o fornecimento de eletricidade ao Estado, o governo realizou o leilão há três anos, o primeiro exclusivo para sistemas isolados, a fim de suprir as necessidades energéticas do Estado com geração renovável, no lugar das usinas térmicas, poluentes, com alto custo de combustível e riscos para a segurança energética – o combustível é transportado por caminhões, sujeito às condições das estradas e mesmo a eventualidades, como greve dos caminhoneiros.
Um dos principais agentes do mercado de biocombustíveis, a BBF aposta na modalidade para otimizar o uso da palma, uma das matérias-primas para a produção do biodiesel. A empresa estima que a usina evitará o consumo de 43 milhões de litros de óleo diesel por ano no Estado e a emissão de cerca de 100 mil toneladas anuais de carbono na atmosfera. Ao se tornar produtora de biodiesel e entrar no mercado de geração termelétrica, a BBF adotou um modelo de negócio verticalizado, em que produz a matéria-prima, transforma em combustível e abastece as termelétricas, sem depender de fornecedores. A estratégia protege a empresa de variações nos preços dos combustíveis.
A térmica híbrida, por sinal, localiza-se na mesma cidade na qual a empresa iniciou as operações, com plantio de palma, em 2008, e onde mantém a sede. “Com essa nova usina termelétrica, teremos o ciclo completo em nossa operação: plantamos, colhemos, esmagamos o fruto, produzimos biocombustíveis e geramos energia elétrica e, a partir de agora, vamos transformar a biomassa resultante em energia e eliminar de forma adequada e produtiva parte dos resíduos da nossa operação. É um modelo completamente sustentável”, disse Steagall. A produção do biocombustível e o processamento da biomassa demandarão 80 empregos diretos.
A BBF possui uma frota de 38 termelétricas localizadas nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, sendo 25 em operação, incluindo a de São João da Baliza, e outras 13 em implementação, totalizando 177 megawatts (MW) de capacidade instalada.
Para atender à demanda das usinas, a BBF possui uma área cultivada da ordem de 68 mil hectares, grande parte dessa área localizada no Pará, com produção de aproximadamente 200 mil toneladas de óleo vegetal por ano. Além das termelétricas, a BBF possui quatro unidades de esmagamento, sendo três de palma e uma de soja, além de uma indústria de biodiesel.
Além destes negócios, a BBF está olhando para a produção de diesel verde (óleo vegetal hidrotratado, HVO, na sigla em inglês) e combustível sustentável de aviação (SAF, também na sigla em inglês). Ambos os biocombustíveis serão produzidos em uma biorrefinaria em construção na Zona Franca de Manaus, em parceria com a Vibra Energia, que será responsável pela comercialização dos produtos.