Mais uma companhia aérea entra na disputa para se tornar a mais “verde” do setor. A Icelandair quer se tornar a primeira aérea regional do mundo a oferecer voos domésticos sem emissões de carbono. A empreitada é menos complexa em países pequenos, como a Islândia – o voo doméstico mais longo da empresa tem apenas uma hora de duração.
Mesmo assim, o desafio não é trivial. “Acreditamos firmemente que é realista operarmos aeronaves sem emissões de carbono nas nossas operações domésticas antes do final desta década”, afirmou Bogi Nils Bogason, CEO da empresa. “Nossos planos são para isso, seja com aviões a hidrogênio, seja aeronaves híbridas, disse o executivo, em entrevista ao jornal britânico Financial Times. Bogason já havia divulgado esse plano em 14 de outubro.
A brasileira Embraer tem interesse direto nessa corrida. A companhia brasileira deve fornecer aeronaves elétricas de nove assentos, para voos de até 30 minutos, à empresa de transporte aéreo Wideroe. A companhia norueguesa serve principalmente áreas da Noruega de difícil acesso e população dispersa. Em 2021, anunciou planos de limpar sua operação, para que se torne isenta de emissões de carbono ou tenha um mínimo de emissões – mudança a ser feita entre 2026 e 2035.
A frota tradicional da companhia (movida a querosene) inclui 40 aeronaves da Bombardier e apenas três da Embraer. Se o plano for adiante, a Embraer se tornará grande fornecedora da Wideroe Zero, a subsidiária de voos “verdes” da companhia norueguesa. A Wideroe Zero criou este mês um Laboratório de Mobilidade Aérea, para testar novos conceitos.
Além da Wideroe, a Air Canada e as americanas United Airlines e Connect Airlines também já haviam anunciado planos de adotar, em parte de suas rotas, aeronaves movidas a energia limpa.
O plano da Icelandair, porém, é o mais ambicioso de todos até agora – vai compreender todas as rotas da empresa e aeronaves maiores, com 30 a 40 assentos. A companhia deve comprar aviões elétricos da Heart Aerospace, da Suécia (que em setembro passou a contar com Air Canada e Saab entre seus investidores).
Outra parte da frota da Icelandair deverá ser convertida a hidrogênio pela Universal Hydrogen, dos Estados Unidos. O consultor Andrew Charlton, especialista em transporte aéreo, afirma que, se uma companhia conseguir essa transformação, dará um tremendo impulso ao resto do setor para fazer o mesmo.