Segundo a agência Bloomberg, o indicador dos preços dos grãos atingiu o valor mais alto dos últimos oito anos, aumentando por consequência o custo da alimentação dos animais e antevendo que os preços da carne possam vir também a subir.
À medida que os preços dos grãos sobem, uma das maiores produtoras de frango dos Estados Unidos, a Perdue Farms Inc., deu um raro passo em frente, de comprar soja ao rival Brasil, à medida que as reservas do país diminuem. Também a maior produtora de aves do Brasil, a BRF SA, foi comprar o milho à vizinha Argentina, enquanto fabricantes de ração da China e dos Estados Unidos estão a optar por comprar trigo para alimentar os animais e, assim, cortar custos.
Estratégias das principais empresas de alimentos do mundo que demonstram o quão apertado o mercado global se tornou.
“As indústrias de carne e frango ainda têm boas margens, então os preços mais altos ainda não lhes cortou a alimentação”, disse à Bloomberg Brian Williams, vice-presidente do Macquarie Group Ltd., confirmando, no entanto, que “os preços do milho subiram o suficiente para que, em algumas partes dos EUA, o trigo esteja já a ser negociado”.
O trigo, apesar de ser usado no fabrico de pão para os humanos, por exemplo, traz alguns riscos para os animais: não deve ser usado com o gado mais jovem, a cor da pele do frango pode mudar e as vacas podem inchar se comerem em excesso. Investigadores da Universidade de Dakota do Norte, nos EUA, recomendam que o trigo represente, no máximo, 15% da dieta de um animal quando é introduzido.
Certo é que, à medida que os produtores lidam com a escassez de grãos para servir de ração para os animais e com o aumento do preço do milho, o trigo tende a ser cada vez introduzido na dieta dos animais, principalmente face a uma eventual seca no verão.