Na suinocultura dos dias atuais tem-se buscado, cada vez mais, a eficiência alimentar em todas as fases, pois o custo da alimentação é o maior dentro da produção de suínos. É necessário termos muito critério na hora de escolher os ingredientes das rações e posicionar uma dieta adequada para cada fase da vida do animal.
Com a setorização da atividade suinícola, fazendo a criação geralmente em sítios separados (UPD, creche e terminação), o momento do desmame, que sempre foi uma das fases mais críticas da criação de suínos, torna-se mais crítica ainda devido, principalmente, à troca de ambiente, além da separação da mãe e a troca de tipo de alimentação, que passa de uma dieta líquida para sólida. No sistema de creche em sítio único, temos como desafio a mistura de animais, vacinação, transporte, que fazem dessa fase um momento de grandes perdas para o animal e intensa atividade do sistema imune.
Nesse sentido, é de suma importância nesse momento da vida do animal darmos um suporte nutricional correto para minimizarmos essa perda.
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Nos primeiros dias após o desmame, os suínos não têm o trato gastrointestinal completamente pronto para receber uma dieta somente a base de milho e de soja. As enzimas endógenas responsáveis pelo auxilio nessa digestão de milho e de farelo de soja estão em níveis crescentes, como é possível observar na figura abaixo, e o epitélio intestinal é lesado, reduzindo a capacidade de absorção de nutrientes.
Nesse momento, é primordial um fornecimento de ração com alta digestibilidade, já que existe uma correlação positiva entre digestibilidade e consumo de ração pelos leitões (KUMMER et. al., 2009). Essa ração deve ser formulada por ingredientes de alta digestibilidade, como milho pré-cozido, soja micronizada, lácteos e plasma.
Milho pré-cozido
Trata-se de um processo de tratamento térmico no milho, em que ele é exposto a altas temperaturas com vapor de água. Nesse procedimento, o amido é mais exposto e sofre um processo de gelatinização, resultando numa melhor digestibilidade do ingrediente.
Soja micronizada
Consiste em fazer uma seleção de grãos da soja, limpeza das impurezas e um tratamento térmico. Posteriormente o grão é reduzido a partículas pequenas de aproximadamente 0,03 mm, elevando a solubilidade e aumentando a digestibilidade da soja. Mendes et al. (2004) avaliaram diferentes processamentos da soja e afirmaram que a micronização foi superior à extrusão e expansão, pois, gerou maiores coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e da energia para suínos em crescimento.
Lácteos – Soro de leite em pó
Consiste no subproduto da produção de queijos, muito utilizado para alimentação animal. Possui alto valor nutricional e alta digestibilidade, por isso é amplamente utilizado na alimentação de leitões.
O soro é classificado como ácido, meio ácido e doce, proveniente do tipo de queijo utilizado. O soro de leite em pó doce é o que tem o maior valor nutricional por isso é o mais utilizado na alimentação de leitões. Esse soro é o subproduto da fabricação de queijos duros. Após o processamento do queijo, o soro de leite passa para a secagem, através de Spray-Dryers.
O soro de leite é uma excelente fonte láctea para suplementação animal, tendo um melhor custo benefício se comparado a outras fontes lácteas como o leite em pó integral.
Plasma suíno
É um produto de origem animal, resultante de uma centrifugação e separação das células brancas (plasma) e das células vermelhas (hemácias) do sangue animal. Após a centrifugação do sangue e a separação das partes, o plasma é submetido a um processo de secagem, pelo método Spray-drying (idêntico ao processo de obtenção de soro de leite em pó), no qual resulta em um pó de granulometria fina.
O plasma tem inúmeros benefícios na alimentação de leitões, principalmente pela alta digestibilidade. Além de ser um produto que melhora a palatabilidade da ração. Também é considerado um alimento funcional, pois após o processo de secagem, mantém imunoglobulinas íntegras na sua composição, atuando como um melhorador do sistema imune dos leitões.
O desmame é um ponto crítico no sistema de criação atual, portanto a escolha correta de ingredientes é de suma importância para a minimização dos problemas gerados nessa fase. O sucesso das fases seguintes de produção depende de uma correta maturação do sistema digestivo do leitão, que é facilitada pela utilização de ingredientes de alta digestibilidade nesse momento.
Rafael Cesar Bertol
Médico veterinário e assessor Técnico de Suínos da Vaccinar
