Por Caroline Mendes
A necessidade de redução do uso de antimicrobianos está ancorada na emergência de bactérias resistentes que desafiam os tratamentos de doenças em humanos, animais e vegetais. Embora a resistência seja um fenômeno natural, originado de uma mutação espontânea na bactéria, o antimicrobiano seleciona aquelas mais resistentes. A pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich, conta que essas bactérias se multiplicam e trocam material genético, inclusive entre diferentes espécies, propagando microrganismos resistentes nos diversos ambientes. “A emergência de ‘superbactérias’ e o avanço no conhecimento destes mecanismos alavancou o questionamento do uso extensivo dos antimicrobianos em todas as áreas. Soma-se a isso a dificuldade e falta de investimentos na descoberta de novas classes de antimicrobianos”, completou.
Jalusa aponta que este cenário – de risco sanitário por patógenos intratáveis e a pouca perspectiva de disponibilidade de novas moléculas – encurralou os sistemas que utilizam antimicrobianos: a medicina humana, veterinária e o setor agropecuário.
A redução do uso de antimicrobianos é, em última instância, a tentativa de proteger sua eficácia, numa perspectiva de Saúde Única entendendo que os antimicrobianos são um bem comum que deve estar a serviço da saúde”
O debate sobre a redução dos antimicrobianos está cada vez mais em evidência. Jalusa conta que na área humana, entre infectologistas e intensivistas e clínicos, o assunto é pauta e desafio constante. É uma luta contra o tempo para salvar vidas.