A JBS (JBSS3) diz que suas taxas de abate na América do Norte permanecem perto do normal, mesmo depois de a maior processadora de carne do mundo ter enviado milhares de funcionários para casa em resposta à segunda onda de Covid-19 nos Estados Unidos.
O ritmo de abate da JBS USA é semelhante em suas instalações nos EUA e no Canadá, disse o diretor-presidente da unidade da empresa na América do Norte, André Nogueira, em entrevista na sexta-feira. O maior impacto do menor número de trabalhadores é sentido no produto final, pois algumas carnes não têm sido desossadas.
O setor de carnes tenta evitar os problemas que fecharam frigoríficos e deixaram prateleiras de supermercados vazias, depois que milhares de trabalhadores na América do Norte se contagiaram com o coronavírus no início do ano. A JBS colocou mais de 5 mil de seus funcionários mais vulneráveis em licença remunerada.
Do ponto de vista operacional, Nogueira disse estar menos preocupado do que há um mês e meio. O executivo afirmou que a empresa contratou mais pessoas, mas não foi possível compensar os funcionários que foram colocados em licença.
Com menos trabalhadores, cortes mais baratos e menos populares, como língua, agora são convertidos em subprodutos como banha e sebo.
A JBS USA tem vendido mais pernil com osso do que no passado, e a empresa também reduziu a oferta de cortes em que grande parte da gordura já foi removida, o que facilita o manuseio por varejistas.
A unidade americana da JBS contratou 6 mil trabalhadores nos EUA nos últimos quatro meses, mas esse número não foi suficiente para compensar os que saíram da empresa ou estão em licença remunerada, disse Nogueira. É comum que empresas de carne tenham alto absenteísmo, mas os níveis aumentaram na pandemia.
O impacto de menos trabalhadores é mais perceptível nos cortes de carne suína e bovina, enquanto para o frango não houve muita mudança, disse. A Pilgrim’s Pride, segunda maior produtora de frango dos Estados Unidos, é controlada pela JBS. Priorizar o abate também ajudará a evitar uma repetição dos problemas no início do ano, quando produtores foram obrigados a sacrificar animais, disse.
A JBS implementou uma série de medidas de segurança desde que a pandemia abalou os mercados de carne, tendo realizado mais de 20 mil testes de vigilância, além dos testes oferecidos a trabalhadores com sintomas. Isso tem ajudado a manter os casos sob controle, disse Nogueira.
Segundo o executivo, as pessoas agora conhecem melhor a doença e os sintomas, acrescentando que os funcionários ligam para a fábrica quando se sentem doentes e são encaminhados para uma área separada fora das instalações para fazer o teste.
A JBS também comprou freezers em algumas localidades e os disponibilizou aos governos locais, caso desejem armazenar vacinas, disse Nogueira. Existe a preocupação de que algumas áreas rurais nos EUA não tenham instalações para armazenar vacinas, que precisam ser mantidas em temperaturas baixíssimas.