Alguns produtores de alimentos do Reino Unido estão enfrentando um futuro incerto. Como um dos setores que não receberá proteção contra importações na forma de tarifas, a associação da indústria de ovos diz que seus membros serão “minados maciçamente” por importações que não seriam permitidas sob os padrões de produção e qualidade exigidos pelos produtores domésticos.
Em menos de um mês, os eleitores britânicos participarão de uma eleição geral para escolher o próximo governo. Se o partido conservador for reeleito, o primeiro-ministro Boris Johnson provavelmente continuará com seu plano para o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). E ele provavelmente também tentará cumprir sua promessa de garantir que o período de transição termine em dezembro de 2020.
Especialistas dizem que é altamente improvável que um acordo comercial possa ser negociado e acordado entre o país e a UE em tão pouco tempo. Uma conseqüência provável é que o Reino Unido deixará as proteções ao comércio fornecidas na União e estará aberto ao livre comércio com todos os outros países.
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Apesar do intenso lobby do Conselho Britânico da Indústria de Ovos (BEIC), os ovos não foram incluídos na lista publicada mais recentemente pelo governo de tarifas “sem acordo”.
Isso deixa os produtores domésticos em risco de uma enxurrada de importações de outros países onde os ovos podem ser produzidos com muito mais baixo custo e com padrões mais baixos de bem-estar animal e proteção ambiental, relata o Telegraph .
“O governo disse que tomou sua decisão no pressuposto de que as importações de ovos e derivados de países com preço de oferta mais baixo levarão a alimentos mais baratos no Reino Unido”, disse Mark Williams, executivo-chefe da BEIC. “Isso pode ser verdade, mas a um custo significativo para a agricultura britânica – e a reputação do Reino Unido de qualidade, segurança e altos níveis de bem-estar animal e proteção ambiental”.
Esta decisão parece ser contrária ao anúncio do departamento de agricultura (Defra) de manter os padrões de bem-estar animal após o Brexit.
Cerca de 80% da legislação animal atual no Reino Unido provém da legislação da UE, de acordo com a organização de bem-estar animal, a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA).
Das cerca de 40 leis nessa área, 17 estão relacionadas a animais de criação. O Brexit coloca em risco os padrões de bem-estar animal do país, de acordo com a RSPCA.
Os direitos niveladores de importação oferecem proteção aos produtores de ovos da UE
A legislação que determina como as galinhas poedeiras são mantidas varia em todo o mundo.
Os custos da produção de ovos com casca na UE são aumentados em 16% por legislação adicional que cobre particularmente o bem-estar dos animais e a proteção ambiental, de acordo com a Universidade Wageningen e a Research, na Holanda. Os principais fatores para os custos mais altos são a proibição da UE de gaiolas de bateria e a menor densidade máxima de armazenamento permitido.
Dentro da UE, há alguma variação nos custos decorrentes de diferenças regulatórias. No entanto, o custo médio de produção de ovos com casca na União é entre 11 e 24% superior aos potenciais exportadores, como EUA, Ucrânia, Argentina e Índia. Para ovoprodutos, os países fora da UE são ainda mais competitivos, e os custos de frete também seriam mais baixos do que para ovos de casca, frágeis e altamente perecíveis.
Atualmente, as taxas de importação em vigor na UE restringem o comércio de entrada. No entanto, o estudo de Wageningen revelou que, se os direitos de importação fossem suspensos por completo – como seria o caso do Reino Unido sob um “Brexit rígido” – todos os quatro países seriam capazes de exportar ovo em pó com uma vantagem de custo considerável em comparação com os produtores domésticos .
Tendências de produção de ovos no Reino Unido
Atualmente, a produção de ovos de casca é mais de 3% maior este ano do que em 2018, de acordo com as últimas estatísticas da Defra . Isso continua uma tendência de alta na produção nos últimos anos. Em pouco menos de 8 milhões de casos (2,88 bilhões de ovos) no terceiro trimestre do ano, a produção foi 3,6% superior à do mesmo período do ano passado. Do total, 52% dos ovos eram caipiras e 42% de gaiolas enriquecidas.
O preço médio dos ovos nas fazendas no último trimestre foi de 69,1p (US $ 0,89), um pouco mais baixo que no ano anterior.
