As inusitadas preferências gastronômicas de nossos clientes – filé de pescoço, cartilagem de joelho, patas e pés de galinha – permitem agregar um valor significativo, e em dólar, a cortes que dentro do país não têm nem mercado nem apelo.
O filezinho de pescoço, por exemplo, corresponde ao mignon do frango para os japoneses. Cada filé pesa entre 15 e 20 gramas. Isso exige que pelo menos 50 aves passem pela linha de produção até que se obtenha um quilo do produto. Vale a pena, diz a indústria, porque a dita “carne de pescoço”, sem valor por aqui, alcança preços elevados lá fora, em dólar. Por questões estratégicas, os empresários não revelam por quanto vendem o quilo do filezinho de pescoço. Dá para ter uma ideia comparando com o preço do meio da asinha exportado para o Japão, que chega a US$ 4 mil por tonelada, enquanto o peito de frango alcança cerca de US$ 3,3 mil a tonelada.
Os japoneses, particularmente, preferem saborear pedacinhos do frango que, para outras culturas, podem passar despercebidos e até virar sobra no prato. Um exemplo é o “Yagen”, que reúne cortes da cartilagem do peito e de uma membrana da sobrecoxa. Outro produto de alto valor agregado é a cartilagem do joelho do frango, destinada à indústria de cosméticos. Já experimentou o “kakugini”? Esse é mais simples, trata-se da carne da coxa e sobrecoxa cortada em cubinhos.
Os chineses, em contrapartida, costumam arrebatar a maior parte dos lotes de pés de galinha, que entram no país via Hong-Kong. Os árabes preferem o “shawarma” – não confundir com o sanduíche homônimo de carnes enroladas em um espeto vertical -, que consiste em uma peça única e desossada de peito, coxa e sobrecoxa.