Antimicrobianos (ATM) têm sido utilizados com sucesso na produção animal por mais de 50 anos como promotor do crescimento e para prevenção e tratamento de doenças. Porém, o impacto dessa prática sobre o tratamento de doenças em humanos está sendo amplamente debatido. Independente do seu benefício, o uso indiscriminado de muitos ATM e o rápido surgimento e difusão de patógenos apresentando resistências simples ou múltiplas a essas drogas, tanto em humanos como em animais, aponta para a necessidade do uso prudente em animais. Ademais, a escala de produção de suínos nas granjas é cada vez maior e há pressão para reduzir o uso de antimicrobianos na produção animal (Stoess, 2014).
O uso de baixas doses de ATM por curto período de tempo na ração animal aumenta a quantidade e diversidade de genes da resistência na população microbiana, incluindo genes de resistência a antibióticos não administrados no alimento. Análises de metagenômica do conteúdo intestinal de suínos alimentados com dieta contendo antibióticos mostram um aumento de genes funcionais na microbiota relacionados à produção de energia e conversão alimentar (Looft et al., 2012). Segundo a “The Lancet Infectious Disease Comission”, estamos entrando numa era pós-antibiótica. Doses subterapêuticas de múltiplos antibióticos que estão sendo fornecidas na alimentação de animais (bovinos, suínos e aves) estão induzindo bactérias com multirresistência (Hopkins, 2014). A União Europeia baniu os antimicrobianos promotores de crescimento nas dietas de suínos em janeiro de 2006 (Gaggia, et al., 2010) e nos EUA, a partir de 1º de janeiro de 2017 foi efetivado novo regulamento de uso de antibióticos em rações (Beek, 2017).
Todavia, deve-se ter uma visão ampla sobre o uso de ATM e os modelos de produção de suínos. A maioria dos modelos de sistema de produção de suínos utilizados atualmente no Brasil, com alta densidade animal, mistura de leitões de diferentes leitegadas e diferentes origens, após o desmame e presença de vários outros fatores de riscos nos rebanhos, cria condições favoráveis para a manifestação de doenças. Por esta razão, atualmente os ATM são utilizados geralmente na forma de pulsos preventivos ou metafiláticos nas dietas dos suínos, ou na água em doses preventivas ou curativas, com objetivo principal de mitigar a ocorrência de doença. Com isso, o desenvolvimento de alternativas para controle das enfermidades de rebanho, com o uso racional e prudente de ATM deve ser perseguido. Alternativas relevantes para redução do uso de ATM relacionadas com produtos a serem incorporados nos alimentos como probióticos, prébióticos, acidificantes, herbais, condimentos, óleos essenciais, enzimas, soro sanguíneo spray dried, níveis terapêuticos de óxido de zinco na dieta do desmame, melhorias no programa vacinal e presença de micotoxinas nas rações, não serão abordados neste artigo. Aqui serão discutidos aspectos relacionados aos cuidados na biosseguridade dos rebanhos e melhorias nas práticas de manejo fundamentais para o uso prudente de ATM.
Alternativas para redução ou uso prudente de ATM na produção de suínos
Inicialmente, é preciso salientar que existe certa relação inversa entre o uso de ATM e o tamanho das granjas. De forma geral, quanto maior o tamanho das granjas, maiores são os desafios sanitários e maiores são as necessidades de utilização de ferramentas preventivas de controle de enfermidades.
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