Com a demanda em evolução, na faixa de 5% ao ano, as atenções se voltam para a busca de iniciativas para aumentar a capacidade de geração elétrica, diversificar fontes e diminuir a dependência de hidrelétricas. Neste cenário, a biomassa está ganhando espaço como fonte de energia renovável, principalmente em sistemas de cogeração (produção combinada de calor e eletricidade).
Uma das opções é o sorgo biomassa, que apresenta qualidade para gerar energia com poder calorífico similar ao da cana, do eucalipto e do capim-elefante, segundo estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De modo geral, a biomassa também tem sido usada como fonte de energia industrial no local de produção, uma prática comum no Brasil em muitos setores, do processamento de bebidas e alimentos à secagem de grãos para armazenamento.
Segundo o pesquisador Rafael Parrella, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), o sorgo é um material mais econômico por fornecer muita massa num curto intervalo de tempo. “Chega a produzir 150 toneladas de matéria fresca por hectare, além de ser vigoroso e resistente a pragas e a doenças”, afirma.
Parrella lembra que o sorgo biomassa é uma cultura é totalmente mecanizável. “Plantio, manejo cultural e colheita são feitos com uso de máquinas. Diferente da cana e do capim-elefante, que têm plantio com estacas, o sorgo biomassa é propagado por sementes, o que facilita a implantação das áreas”, comenta.
O primeiro híbrido de sorgo biomassa, o BRS 716, desenvolvido pela Embrapa para a cogeração de energia por meio da queima de biomassa, foi lançado em 2014. “Apresenta alta produtividade, em média, de 120 a 150 toneladas de matéria fresca por hectare, tem ciclo curto, de seis meses, e porte entre cinco e seis metros de altura”, descreve Parrella. Segundo o pesquisador, o material possui boa sanidade, resistência ao acamamento e adaptação ampla a diferentes regiões do Brasil.
Palo Alto
Outra opção do mercado é o sorgo Palo Alto. “Acreditamos que matérias primas dedicadas e desenvolvidas especialmente para atender à demanda das indústrias desempenharão um papel fundamental na viabilização do desenvolvimento destas no mercado. O Sorgo Palo Alto no Brasil e um exemplo”, afirma Anna Rath, CEO da Nexsteppe.
De acordo com Anna, o sorgo Palo Alto é resistente e está bem adaptado ao Tocantins e a outras regiões com as mesmas condições de clima e características geográficas. Uma das vantagens é que pode ser utilizado como complemento ao cavaco de madeira e ao bagaço da cana-de-açúcar, ou seja, a indústria pode elaborar um mix de produtos a fim de atender à demanda de biomassa diária.
“Já o agricultor, tem uma alternativa tanto para períodos de safra como de safrinha, contando com materiais que auxiliam na rotação de culturas da propriedade e diversificando as atividades.”
Além disto, é uma biomassa dedicada, ou seja, não é um resíduo e, portanto, tem a garantia de que será plantado e colhido para a geração de energia. “Isso permite o planejamento ao assegurar ao mercado de biocombustão uma matéria-prima alta qualidade com preços controlados. Para o produtor é uma ótima fonte de renda adicional ao milho e soja com preço pré-fixado anteriormente ao plantio”, afirma Anna.
De acordo com a Embrapa, o poder calorífico do sorgo é menor do que o da lenha de reflorestamento, que chega a atingir 4.500 kcal/kg. No entanto, o eucalipto cultivado para uso da biomassa demora de três a quatro anos para ser cortado, enquanto sorgo é colhido entre cinco a oito meses após o plantio, dependendo da região. Além disto, a produtividade do sorgo pode ser superior à do eucalipto. Pesquisas realizadas na Embrapa Milho e Sorgo demonstram a produção de até 60 toneladas de matéria seca por hectare.