Países árabes pretendem ampliar a participação de fontes renováveis em suas matrizes energéticas, segundo informações divulgadas durante o 3º Fórum Árabe de Energias Renováveis e Eficiência Energética, realizado na quarta (01/06) e na quinta-feira (02/06) no Cairo, capital do Egito. O diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, e o gerente de Relações Governamentais da entidade, Tamer Mansour, acompanharam a conferência.
De acordo com eles, países árabes do Mediterrâneo fixaram metas para a geração solar e eólica a serem atingidas até 2030. O Marrocos, por exemplo, quer que as fontes renováveis gerem 42% da energia disponível no país. Já a Tunísia quer chegar a 30%, o Egito, a 20%, o Líbano, a 12%, a Jordânia e a Palestina, a 10%, e a Argélia, a 6%.
Destes países, o Marrocos é o que tem hoje a maior capacidade de geração de energia solar e eólica, seguido do Egito, Tunísia, Jordânia, Palestina, Líbano e Argélia.
Estas nações fazem parte da parceria Euro-Mediterrânea e podem receber financiamentos do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (Berd) com prazo de 25 anos, carência de sete anos e juros de 2,5% ao ano.
O fórum foi organizado pela Liga dos Estados Árabes, governo do Egito, ONU e outras instituições, e teve a presença de 500 pessoas. Entre os palestrantes, representantes de governos, entidades multilaterais, instituições privadas e especialistas no setor.
A avaliação dos participantes é que o mundo árabe tem papel preponderante no setor de energia, pois responde por 56% e 27% do fornecimento mundial de petróleo e gás, respectivamente, mas tem condições de avançar também na seara das fontes renováveis. “A região árabe está localizada no ‘cinturão solar’, onde a energia solar é abundante”, observou Alaby.
Os principais desafios para o desenvolvimento das energias alternativas são os subsídios oferecidos pelos governos locais que tornam os combustíveis fósseis muito baratos, conseguir financiamentos, regular o mercado e obter avanço tecnológico na área.
Além das nações mediterrâneas, outros países árabes que têm investimentos nacionais e estrangeiros em energias renováveis são Omã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Mauritânia. A Mauritânia, por exemplo, pretende chegar a 2020 com 43% de sua matriz composta por fonte solar e eólica.
Segundo Alaby e Mansour, o Banco Islâmico de Desenvolvimento, instituição multilateral de fomento mantida por nações muçulmanas e sediada na Arábia Saudita, oferece empréstimos com prazos de 20 a 25 anos, cinco a sete anos de carência e taxas de juros de 2,5% a 3% ao ano para projetos na área.
Eles informaram também que os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) deverão investir US$ 5 bilhões até 2020 no setor, de acordo com dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês), com sede nos Emirados. O GCC é formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados, Kuwait e Omã.
Participaram do fórum o Ministro da Eletricidade e Energia do Egito, Mohamed Shaker, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Al-Araby, o embaixador da União Europeia no Egito, James Moran, o secretário-executivo assistente da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, Anhar Higazi, e o diretor-executivo do Centro Regional de Energias Renováveis e Eficiência Energética, Ahmed Badr.