Duas das maiores compradoras de commodities agrícolas do mundo, a JBS e a McDonald’s, defenderam nesta quarta-feira (07/12) em São Paulo a decisão do governo federal de abrir para consulta pública os dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Segundo representantes de ambas as empresas, a transparência é inevitável por ser exigência dos consumidores, e será positiva.
“A transparência radical é chave”, afirmou Márcio Nappo, da diretoria de Sustentabilidade da JBS (Friboi), durante um seminário do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, na capital paulista. “Não é porque a JBS quer ou a sociedade civil quer, mas porque o consumidor quer.” Ele disse que a empresa já mantém um sistema de monitoramento por satélite de mais de 4.000 propriedades rurais na Amazônia que fornecem carne para a Friboi, em mais de 400 municípios. “É inevitável mais transparência. O CAR evoluir como evoluiu foi fundamental.”
Leonardo Lima, do McDonald’s, afirmou que a transparência nas cadeias de fornecimento já é uma realidade no mundo empresarial e que tende a se disseminar também no setor público. “Quanto mais avançar, melhor.” As duas empresas já haviam se comprometido a eliminar o desmatamento de suas cadeias produtivas.
Nappo e Lima falaram durante um seminário do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, uma coalizão formada por pecuaristas, empresas compradoras de carne, pesquisadores e ambientalistas. Durante o evento foram apresentados dados de um estudo do Imaflora (Instituto de Manejo Florestal e Certificação Agrícola), que analisou as emissões de carbono em propriedades inscritas no Novo Campo, programa do ICV (Instituto Centro de Vida), voltado à intensificação da pecuária. O estudo mostrou que a produção de carne cresceu 85% e as emissões por hectare caíram 25% com a recuperação de pastagens e a implantação de sistemas de manejo eficientes nas fazendas. Neste ano, o McDonald’s anunciou a decisão de comprar carne de propriedades participantes do programa.