O cooperativismo paranaense continuou crescendo em 2016. “Neste ano, as cooperativas do Paraná vão superar a marca de R$ 70 bilhões de movimento econômico, com crescimento de quase 17%, quando comparado a 2015. Isso graças ao trabalho das nossas cooperativas, seus dirigentes e cooperados”, anunciou o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, nesta sexta-feira (09/12), em Curitiba, no Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses.
Apesar do aumento no faturamento, Ricken informou que as receitas líquidas do setor não deverão crescer na mesma proporção do ano passado. “Isso é um reflexo da queda de renda, elevado custo de logística, aumento dos encargos financeiros e elevação da tributação”, explicou.
Segundo o presidente do Sistema Ocepar, o cooperativismo tem atraído o interesse de um contingente maior de pessoas. “Estamos chegando próximo a 1,5 milhão de cooperados”, ressaltou. Ainda de acordo com ele, o setor é responsável pela geração de mais de 85 mil empregos diretos e de 2,8 milhões de postos de trabalho indiretamente. “Quase 30% da população do Paraná tem nas ações das cooperativas o refúgio para suas atividades individuais”, lembrou.
Ricken ressaltou que em mais de 120 municípios paranaenses, as cooperativas são as maiores empresas, proporcionando resultados que são reaplicados onde originalmente são gerados, revertendo em benefícios socioeconômicos à população local. “Temos um sistema forte e integrado e que muito tem contribuído para nosso país. Precisamos continuar crescendo para que, cada vez mais, possamos gerar empregos e distribuir renda”, pontuou.
Ele disse ainda que um dos diferenciais do cooperativismo paranaense é o planejamento das atividades, feito em conjunto com as bases. “Se há uma pequena diferença entre o cooperativismo do Paraná em relação ao de outros Estados, ela está no fato de que aqui, ao longo dos anos, sempre houve planejamento. O PRC 100, nosso atual plano, representa a continuidade disso”, disse.
“Nosso planejamento estratégico tem como meta atingir R$100 bilhões de faturamento ao ano e vem sendo implantado com firmeza e determinação, com o apoio imprescindível dos presidentes e colaboradores de todos os ramos do cooperativismo. Em consequência do PRC 100, novos investimentos estão sendo realizados, na ordem de R$ 2 bilhões por ano, 80% em processos agroindustriais e em infraestrutura produtiva, para suportar quase 60% da produção agropecuária em nosso Estado, da qual 48% já é transformada, agregando valor e gerando maior renda aos produtores cooperados, possibilitando que 41% do total exportado pelas cooperativas brasileiras sejam originados em nossas cooperativas, representando R$ 7,3 bilhões em 2016”.
Ricken ressaltou ainda a atuação das cooperativas em outros segmentos. “O cooperativismo de crédito cresce de forma segura e com alto nível de profissionalismo. Já é responsável no estado por mais de R$ 30 bilhões de ativos. Essas cooperativas estão democratizando o acesso ao crédito, serviços e produtos financeiros a milhares de pessoas, por meio de sua capilaridade e forte vínculo com as ações locais e regionais”, disse.
O presidente da Ocepar destacou ainda que, no ramo saúde, são mais de dois milhões de beneficiários atendidos no estado por mais de 14,7 mil profissionais, que congregam 33 cooperativas, ofertando serviços de qualidade, prestados por médicos, dentistas e outros profissionais. “Precisamos investir mais nesse setor. Por isso, estamos buscando a criação do Prodecoop Saúde, a exemplo do que ocorreu nas cooperativas agropecuárias, para que as cooperativas do ramo saúde possam investir em hospitais e laboratórios em todo o Paraná”, acrescentou.
Riken disse que as cooperativas de transporte têm se organizado em todo o país. “Isso é muito importante. Aqui no Paraná já são 31 cooperativas, com 2.700 cooperados, prestando bons serviços a toda sociedade. O cooperativismo também desempenha papel significativo na área da infraestrutura, trabalho, educação, turismo e lazer, consumo e habitação. Cada ramo buscando suas alternativas em perfeita sintonia com o Sistema Ocepar”.
Ele lembrou ainda que, na área de formação e profissionalização, monitoramento e promoção social, mais de 7 mil eventos foram realizados neste ano, por meio do Sescoop/PR, para mais de 180 mil pessoas que integram as cooperativas. Ao todo, são 100 mil horas de treinamento em 2016. “Investir nas pessoas está no DNA e nos princípios do cooperativismo. E isto faz grande diferença. A formação de novas lideranças e os investimentos em jovens e mulheres tem merecido atenção especial do Sistema Ocepar e das cooperativas”, afirmou.
Ricken destacou ainda o Programa de Autogestão do Sistema Cooperativo, iniciado nos anos 80 e o Programa de Certificação de Conselheiros, iniciado em 2013, como importantes instrumentos que têm contribuído para o aprimoramento das sociedades cooperativas no Estado.
O presidente do Sistema Ocepar também falou sobre o cenário econômico e financeiro brasileiro. “Enfim, chegamos ao final de mais um ano, um dos mais desafiadores de todos os tempos, onde, além da instabilidade política, tivemos mais uma redução do PIB em nível próximo a 4%, algo nunca imaginado, com impactos imprevisíveis em toda sociedade, afinal, nenhum setor estará imune às suas consequências”, disse.
Em sua avaliação, “o cooperativismo paranaense terá que reagir às adversidades econômicas com planejamento e racionalidade de custos, integração de esforços e serviços, essa é a nossa marca registrada. Resta-nos acreditar que a situação se normalize e que, com trabalho e profissionalismo, mesmo num momento de dificuldade, será possível crescer de forma consistente”. E complementou: “A participação ativa das cooperativas no desenvolvimento do estado tem sido a demonstração do compromisso com as pessoas e com as comunidades onde atuamos, até porque não temos outro endereço, ao contrário de algumas empresas, que basta fechar as portas e seguir para outros destinos”.
Ricken destacou ainda que, como os demais segmentos da economia, o cooperativismo precisa que o país e o Estado superem antigos gargalos. “Para suportar esse crescimento significativo, necessitamos que se equacionem as deficiências estruturais existentes no Paraná e no Brasil, principalmente pela alta demanda por investimentos em portos, ferrovias, rodovias, estradas rurais, dentre outras. Os custos exorbitantes da logística de transporte têm penalizado a nossa competitividade, em especial para as comunidades mais distantes dos centros consumidores. Apesar de todas as dificuldades, estamos encerrando o ano com resultado positivo”, afirmou.