Micotoxinas são substâncias tóxicas produzidas por fungos que podem estar presentes em alimentos comumente utilizados para a produção de rações e que, de acordo com os níveis encontrados, podem afetar o desempenho, a reprodução e, consequentemente, ocasionar prejuízos econômicos ao produtor.
Esses alimentos podem ser contaminados pelos fungos nos estágios pré e pós-colheita, isso significa que desde a escolha das sementes e época de plantio até o fornecimento das dietas aos animais os sistemas devem ser rigorosamente monitorados. Além disso, os climas tropicais e subtropicais do Brasil, com alta umidade e temperatura, são fatores predisponentes ao desenvolvimento desses micro-organismos.
Embora exista um grande número de micotoxinas que podem ser produzidas, é possível destacar as cinco principais que exercem maiores prejuízos aos suínos. O quadro abaixo as destaca de acordo com a fase afetada e sinais clínicos nos animais, assim como o gênero e fatores predisponentes para a proliferação dos principais fungos produtores.
Os sinais clínicos podem ser alterados de acordo com o tipo, a concentração da micotoxina nas dietas, tempo de exposição, idade do animal, entre outros. A associação entre duas ou mais toxinas pode causar maiores danos quando comparado a uma intoxicação simples.
Durante o processo de produção dos grãos no campo, alguns cuidados podem ser tomados a fim de reduzir ou, até mesmo, evitar a contaminação dos alimentos, tais como: realizar rotação de culturas, programação do plantio evitando altas temperaturas e estresse hídrico durante o desenvolvimento dos grãos e maturação, utilização de sementes desenvolvidas para a resistência ao ataque de fungos, programação de um manejo de pragas apropriado, entre outros.
Para o controle dos grãos armazenados, três fatores são imprescindíveis: temperatura, umidade e taxas de oxigênio. A temperatura após o armazenamento encontra-se igual ou acima da temperatura ambiente e deve ser reduzida o mais rápido possível para que os grãos não se deteriorem. A umidade deve estar presente nos grãos em níveis inferiores a 13%, sem grande variação dentro do silo, para que o crescimento de microrganismos seja possivelmente inibido. A taxa de oxigênio beneficia o crescimento e desenvolvimento de organismos aeróbicos, com isso, sua redução é essencial.
Nas fábricas de rações existem pontos críticos que necessitam ser monitorados durante a produção, entre eles: silos com cereais moídos, mistura e peletização. Os equipamentos devem ser limpos com frequência, a fim de eliminar possíveis resíduos que ficam encrostados. O processo de peletização adiciona calor e umidade na ração, desse modo a temperatura da ração, após a saída do resfriador, deve ser controlada, pois caso essa esteja com valores muito acima da temperatura ambiente (maior que 10°C), pode ocorrer o surgimento de fungos nos silos de expedição e nos caminhões.
Como os fatores que predispõem ao surgimento de fungos produtores de micotoxinas são amplos e podem surgir em diversas fases de produção, falhas podem ocorrer. Diante disso, medidas podem ser utilizadas diretamente nas rações para minimizar possíveis danos aos animais. Atualmente, o método mais utilizado é incorporar aditivos adsorventes de micotoxinas nas dietas. Basicamente, a função de um adsorvente de micotoxinas é fixar-se a elas carregá-las para fora do animal, evitando que sejam absorvidas ou que sua absorção seja reduzida no trato gastrointestinal, minimizando possíveis danos.
Mesmo que todos os cuidados sejam tomados para evitar a presença de micotoxinas nos grãos, cereais e dietas, o monitoramento das matérias-primas com análises micotoxicológicas é essencial para verificar a eficácia das ações tomadas, constatar se há a necessidade do uso de adsorventes e avaliar a melhor fase da produção animal para o destino desse alimento.