China não buscará mais colheitas recordes de grãos e irá, ao invés disso, dar prioridade a alimentos mais seguros, aumentando as importações, em um momento em que busca contornar problemas ambientais em seu setor rural, disseram autoridades do país.
A mudança de foco sugere que o governo está disposto a abandonar sua obsessão por crescimento de produção agrícola.
Alcançar safras cada vez maiores não é mais visto como uma necessidade política para o país mais populoso do mundo, como vinha sendo particularmente depois que a campanha de industrialização conhecida como “Grande Salto para Frente”, instituída por Mao Tsé-Tung em 1958, gerou uma onda de fome no país.
“Na nossa atual política para grãos, uma das ideias mais importantes é acelerar a transição na maneira como aumentamos nossa produção de grãos”, disse Han Jun, vice-diretor do Escritório de Liderança Central de Trabalho Agrícola, o principal órgão de políticas rurais do país.
“No passado, nós estávamos exaurindo nossos recursos e o meio-ambiente em busca de produtividade, e agora nós temos que focar igualmente em quantidade, qualidade e eficiência, mas particularmente na qualidade do crescimento da produção de grãos, em proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”, disse Han no Fórum de Desenvolvimento da China, no sábado.
Ele lembrou que a China publicou recentemente seu plano de desenvolvimento sustentável para a agricultura, que irá reduzir o uso de água e de fertilizantes químicos e pesticidas.
As grandes reservas de grãos do país deverão ajudar a suavizar a transição e reduzir o risco de falta de alimentos, disse Han.
A China deverá permanecer autossuficiente em cereais, dado o tamanho de sua população, ao mesmo tem que usa amplamente os mercados internacionais para produtos agrícolas em que há escassez.
O economista chefe do ministério da Agricultura da China, Qian Keming, disse que o país deverá buscar uma taxa de autossuficiência de 85 por cento até 2020, abaixo da controversa taxa de 95 por cento que Pequim vinha buscando há décadas.
A produção de grãos da China deverá ser limitada a 610 milhões de toneladas, ao invés do nível anterior de 650 milhões, que é muito próximo da capacidade máxima do país e que coloca muita pressão sobre os recursos naturais do país, disse Qian.