O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), um dos novos grandes terminais exportadores do agronegócio brasileiro, carrega nesta quarta-feira seu primeiro navio de milho, poucos meses após iniciar a operação com soja.
Além disso, na madrugada desta quarta-feira começou o descarregamento do primeiro trem graneleiro no terminal.
“Nossa estimativa é da ordem de 800 mil a 1 milhão de toneladas de milho saindo por lá até o fim do ano”, revelou à Reuters o executivo representante do Tegram, Luiz Claudio Santos.
O Tegram, construído em São Luís por um consórcio composto por NovaAgri, Glencore, CGG Trading e Amaggi/Louis Dreyfus, é um dos grandes terminais que passaram a reforçar as operações de companhias exportadoras que buscam alternativas aos congestionados portos do Sul e do Sudeste do Brasil.
A primeira carga de milho exportada foi vendida pela trading CGG para o Oriente Médio, afirmou Santos, diretor de Logística e Infraestutura da CGG.
O terminal despachou seu primeiro navio com soja em meados de março e agora passa a embarcar também milho, cereal que deverá dominar a pauta de exportações de grãos do Brasil no segundo semestre, após uma grande colheita no Centro-Oeste.
Até o momento, o Tegram já exportou 1,51 milhão de toneladas de soja, em 24 navios.
A previsão, segundo Santos, é operar ainda oito navios com soja em agosto e mais dois em setembro.
Gradualmente, no segundo semestre, o milho deverá dominar os embarques. A expectativa é fechar este primeiro ano de operações com exportações de 2,5 milhões de toneladas de grãos.
Após investimentos relativamente recentes, os terminais do Norte e Nordeste passaram ter uma papel mais relevante no escoamento da safra brasileira, e devem ganhar cada vez mais importância nos próximos anos.
A Reuters revelou na semana passada que a Multigrain, da japonesa Mitsui, começou a exportar soja não transgênica por um terminal incomum, no litoral de Sergipe, há cerca de dois meses.
Ainda no ano passado, as gigantes Bunge e ADM despacharam seus primeiros navios de soja por terminais localizados em Barcarena (PA), aproveitando-se do corredor fluvial da região do rio Amazonas.
Segundo o Tegram, as chuvas –que, quando ocorrem, obrigam o fechamento dos porões dos navios e interrompem os embarques– não serão problemas para as operações nos próximos meses, já que a estação seca na região dura de julho a dezembro.
FERROVIA
O Tegram está na ponta norte da Ferrovia Norte-Sul e da Estrada de Ferro Carajás, operando ao lado de terminais de grãos e minério de ferro da VLI Logística e da Vale, na capital maranhense.
Até esta semana, no entanto, o Tegram recebia apenas grãos por meio de caminhões.
A VLI, que opera na ferrovia, entregou a obra de um ramal de cerca de dois quilômetros, que permitiu o acesso do primeiro trem, contratado pelo consórcio Amaggi/Louis Dreyfus Commodities.
“O modal ferroviário vai representar 70 a 80 por cento da nossa logística. O primeiro comboio de soja foi descarregado nesta madrugada”, afirmou Santos.
Ao longo dos próximos meses, os descarregamentos ferroviários deverão gradualmente ganhar força no Tegram, ampliando as opções logísticas para produtores e empresas exportadoras que atuam em Tocantins, sul do Maranhão e leste de Mato Grosso, regiões de grande expansão de lavouras.
A VLI confirmou que dois novos terminais de transbordo, em Porto Nacional e Palmeirante, ambos em Tocantins, estarão recebendo caminhões e carregando grãos nos comboios ferroviários já para a próxima safra 2015/16.
Após os testes de 2015, o Tegram espera exportar 3,5 milhões de toneladas de grãos no ano que vem, projetou Santos.
Quando a capacidade operacional da primeira fase do projeto for atingida, serão 5 milhões de toneladas anuais.